ELEIÇÕES 2024

Eleições 2024: pré-candidatos e pré-candidatas do Paraná querem oferecer perspectivas para a juventude

Exemplos de militância na família e movimento estudantil são citados como inspiração e inicio da vida na política

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
O Brasil de Fato Paraná conversou com pré-candidatos e pré-candidatas jovens que irão concorrer à uma vaga nas Câmaras Municipais do Paraná - Fotografias: arquivos pessoais / internet - Fotografias: arquivos pessoais / internet

A frase “os jovens são o futuro do país” muitas vezes é repetida e usada como jargão em períodos eleitorais quando candidatos vão se dirigir a este eleitorado. Mas há quem saia do papel de personagem dos discursos e se coloque como protagonista da vida política: são jovens pré-candidatos e pré-candidatas a vagas nas Câmaras Municipais em 2024. O Brasil de Fato Paraná conversou com alguns e algumas dessas pessoas.

Exemplos que vêm da militância na família e a organização via movimento estudantil são citados como fontes de inspiração. Apesar do número de eleitores jovens ter aumentado na última eleição, de 1,4 milhão em 2018 para 2,2 milhões em 2022, ainda são poucos os candidatos e os eleitos jovens, com avanço gradual nas últimas eleições.  

Dar voz à juventude

Tendo as ocupações das escolas em 2016 como inspiração, a estudante de Ciências Sociais Beatriz de Alcântara, 22 anos, é pré-candidata a vereadora em Cascavel (PR) pelo PT e diz que busca por mais representatividade jovem.

"Meu primeiro envolvimento mais direto com a política e com os movimentos sociais foi aos 14 anos, em 2016, quando mais de 800 escolas foram ocupadas no Paraná por estudantes contrários à reforma do ensino médio e ao congelamento dos investimentos na educação. Eu participei da ocupação da minha escola junto de muitos outros jovens, e isso foi uma grande oportunidade de aprender sobre a potência que há na luta coletiva", disse.

"Com o tempo, fui adentrando cada vez mais espaços de transformação social. Hoje sou pré-candidata a vereadora como continuação dessa busca por esperançar. A falta de representatividade jovem nos parlamentos gera uma profunda invisibilidade de pautas que são fundamentais. Decidi participar dessas eleições por entender a importância da minha voz, junto a outras, nesse cenário", complementou.

Já a professora e pré-candidata a vereadora pelo Psol em Curitiba Julia Rinaldin Silveira afirma que seu objetivo principal é defender os jovens da classe trabalhadora e sua existência como mulher LGBTQIA+.

“Enquanto mulher LGBTQIA+ sempre estive em espaços que eram mais masculinos, sempre tive que defender muito a minha existência. Isso fez com que eu me envolvesse com política. Com a política mais formal, comecei me envolver quando tinha 20 anos, a partir do Coletivo Plurais LGBT, da UTFPR, e isso me levou para vários caminhos do Movimento Estudantil e, posteriormente, ao PSOL”, destacou.

Políticas públicas efetivas para os jovens

Também professora e liderança estudantil, Jeane Islena Vasilewski é pré-candidata pelo PDT a uma vaga de vereadora na Câmara Municipal de Araucária (PR). Ela afirma que tirar projetos do papel é um caminho para transformar a vida dos jovens.

“O trabalho pela juventude vem desde a época de colégio, estando no grêmio estudantil, sendo vereadora jovem e posteriormente criando uma associação, onde jovens trabalham para transformar a realidade de outros jovens. Realizamos o Cursinho Popular AJA, que em três anos já conta com mais de 160 estudantes aprovados nas universidades; o Festival Gralhada, um festival cultural que vem para democratizar o acesso à cultura e estimular o desenvolvimento de jovens artistas; entre outros projetos e movimentos para a juventude”, contou.

Inspiração na militância que vem da família

Matteus Henrique de Oliveira, advogado formado pela UFPR e mestre em Direito pela UNB, é pré-candidato a vereador pelo PT de Curitiba. Ele avalia que a política até agora hoje falhou em dar respostas às angústias da juventude. "Precisamos com urgência trazer a juventude para falar por si. Estamos vivendo tempos sombrios, de desesperança e ausência de projetos para um novo horizonte para nós", afirmou.

A vivência política de Oliveira começou em casa, pois os pais sempre estiveram ligados às lutas sociais. "Nossa luta vem de longe, daqueles que constroem a luta hoje e dos nossos antepassados que lutaram por nós. Por isso, principalmente enquanto uma pessoa preta, que vem da periferia de Curitiba, sempre entendi que a política é uma tarefa existencial para o nosso povo, para que consigamos avançar em cidadania e direitos", disse. Ele também construiu a carreira política com base no movimento estudantil.

Assim como Oliveira, o também pré-candidato petista Valnei Francisco de França e Filho tem na história da família sua inspiração. "Nasci em uma família que sempre foi engajada na luta por justiça social. Sou neto de um preso político, filho de dois educadores perseguidos políticos na ditadura. Sempre acompanhei meus pais nas reuniões de partidos e movimentos sociais, onde me organizei mais cedo", relatou.

Movimento estudantil e da juventude partidária como escola

Outro pré-candidato pelo PT, o advogado Welitton Gerolane é mais um a apontar o movimento estudantil como escola. Ele foi do grêmio do colégio no ensino médio, diretor da UBES e depois vice-presidente da UPE. Assim se aproximou da juventude do PT.

"Nos primeiros anos a minha militância sempre esteve muito ligada ao debate da educação, da defesa dos royalties do pré-sal para educação, das cotas e do Prouni. Foram exatamente as cotas que me deram acesso ao ensino superior", destacou. "Fui dirigente do PT e coordenador de algumas campanhas que sempre tiveram como objetivo a construção da transição geracional na política e a construção de uma esquerda classista", complementou.

Após se tornar presidente do Diretório Central dos Estudantes da PUC-PR, o engenheiro químico ambientalista Gabriel Kio, hoje pré-candidato a vereador de Curitiba pelo PDT, decidiu permanecer na política.

"Em 2016, eu era 'apenas' um estudante indignado com medidas adotadas pela universidade. Um vídeo que fiz convocando para uma reunião no DCE teve uma repercussão muito maior que eu imaginava e aos poucos fui sendo visto como uma das lideranças do movimento. Fui eleito presidente do Diretório e permaneci por dois mandatos", contou.

"Já no final da universidade, em 2018, depois de todo trabalho realizado no DCE, fui muito incentivado por amigos e familiares a disputar as eleições para vereador que aconteceriam em 2020. Mesmo não sendo eleito, tivemos a feliz surpresa de uma votação extremamente expressiva. Fiquei entre os 5% mais votados de Curitiba, com 2348 votos, a apenas 179 votos do último vereador eleito", lembrou.

Também pré-candidato pelo PDT de Curitiba, Luan Henrique Azevedo da Silva, que é secretário de juventude do partido, conta que seu interesse por política começou a partir de política pública implementada pelo então prefeito Gustavo Fruet.

"Em 2014, o Fruet implementou o Portal do Futuro, que dava um espaço para a juventude ser gestora de atividades. Tinha um comitê de jovens da cidade que decidiam o que seria feito dentro daquele espaço", relembrou.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lucas Botelho