No próximo sábado (20), no Recife (PE), se resolverá o primeiro imbróglio imposto pela organização das federações partidárias. A convenção municipal de Psol e Rede, que acontece no bairro de Boa Viagem, decidirá qual será a candidatura que representará as duas legendas na disputa pela prefeitura da capital pernambucana.
A deputada estadual Dani Portela (Psol) foi indicada pela federação municipal no dia 3 de maio deste ano e tem trabalhado como pré-candidata, com agenda extensa pelo município. Porém, o deputado federal Tulio Gadelha (Rede) insiste em manter sua pré-candidatura e afirma que a decisão passa por uma decisão nacional, onde teria apoio dos principais dirigentes de seu partido.
A presidenta da Federação Psol-Rede de Recife, Luiza Carolina, afirmou ao jornal Folha de Pernambuco, na última quarta-feira (17), que a decisão é local e a pessolista deve ser confirmada na convenção partidária.
“O estatuto é muito nítido em relação às competências das direções, que são essas novas instâncias. Preciso dizer que há uma instância municipal, uma instância estadual e uma nacional. Na municipal, em Recife, no dia 3 de maio, através de resolução, a deputada estadual Dani Portela foi a escolhida entre a federação”, afirmou Carolina.
Na semana passada, Tulio Gadelha sofreu dois duros golpes. Seu irmão, o médico Ricardo Gadelha, pré-candidato a vereador na capital pernambucana e dirigente da Rede no município, anunciou apoio à pré-candidatura de Dani Portela.
Alice Gabino, que também é dirigente da Rede em Recife, já havia manifestado apoio a Portela e agora anunciou sua pré-candidatura a vice na chapa liderada pela pessolista, o que deixou Túlio Gadelha isolado.
Em novo episódio do embate, Ricardo Gadelha e Alice Gabino acusam Túlio Gadelha de tentar impedir que eles sejam candidatos nas eleições sob acusação de “infidelidade partidária”. O Brasil de Fato entrou em contato com a assessoria do deputado federal, mas ele não quis se manifestar sobre as acusações.
Em Brasília, Túlio Gadelha conseguiu um importante apoio para tentar chegar forte à convenção partidária. O deputado federal anunciou que o PDT estará em sua candidatura, caso seja consagrado na convenção da federação, após reunião com o presidente da legenda, Carlos Lupi.
A tendência é que a convenção dos dois partidos confirme a chapa na configuração desejada pela federação recifense, com Dani Portela e Alice Gabino. PSOL e Rede aguardam, ainda, uma definição sobre o vice do atual prefeito, João Campos (PSB), que é candidato à reeleição.
Campos deve anunciar seu parceiro de chapa neste sábado e, caso não seja um petista, Psol e Rede devem buscar o apoio do PT para tentar uma candidatura de oposição ao prefeito.
Federação partidária
Aprovadas em 2021 pelo Congresso Nacional, no contexto da reforma eleitoral, as federações partidárias passaram a vigorar nas eleições de 2022. A junção de dois ou mais partidos vale apenas para as disputas majoritárias (prefeitos, governadores e presidente) e dura quatro anos.
Hoje, há três federações em vigor no país, formadas nas eleições de 2022. A união de PT, PCdoB e PV formou a Brasil Esperança, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República. As outras duas são formadas pelas aliança de Rede e Psol e a junção de PSDB e Cidadania.
Caso um partido decida sair da federação, ele fica proibido de fazer qualquer coligação com outra legenda nas duas eleições seguintes e perde o acesso ao fundo partidário até o fim do prazo legal da federação.
Edição: Nathallia Fonseca