Equipes de saúde monitoram a alta ocorrência de hepatite Delta (HDV) em comunidades ribeirinhas do sul do Amazonas. O município de Lábrea, com 45 mil habitantes, tem aproximadamente 1,4 mil casos notificados, mas só 140 estão em acompanhamento.
A informação é do Centro de Testagem Rápida e Aconselhamento (CTA) da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA-Lábrea) e foi divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em uma nota sobre o tema.
A cidade fica às margens do Rio Purus, a 407 km de Porto Velho (RO) e a 850 km de Manaus (AM). O percurso até a capital do Amazonas leva 30 horas de viagem pela BR-319 ou cinco dias de barco.
A hepatite Delta é considerada endêmica da Amazônia brasileira, ou seja, tem uma grande incidência nesta região. Mas as dificuldades de acesso dificultam o controle da situação. Mais de 70% dos casos registrados no Brasil entre 2000 e 2022 ocorreram na região Norte.
O Sudeste respondeu por 11% do total, o Sul por 6,6%, o Nordeste, 5,9% e o Centro-Oeste, 3,3%, segundo dados do Ministério da Saúde.
No último mês de junho, equipes da Fiocruz, pesquisadores e profissionais de saúde estiveram nas comunidades ribeirinhas de Várzea Grande e Acimã, próximo de Lábrea. Em dois dias de realização de testes rápidos, 113 pessoas foram atendidas e 16 pessoas foram diagnosticadas.
O monitoramento cotidiano esbarra na falta de estrutura laboratorial adequada para a realização de exames mais específicos. Além disso, o município não tem médico infectologista.
Saiba mais
A hepatite Delta é o tipo mais agressivo da doença. Ela está associada a casos graves de doença hepática, cirrose hepática e câncer de fígado. Muitas vezes, a condição se desenvolve sem sinais, o que pode prejudicar o início do tratamento.
Quando há sintomas, eles podem variar entre cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, observação de pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
A transmissão pode ocorrer pelo contato com sangue contaminado; em relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada; da mãe para o bebê, na gestação e no parto; por compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates e outros objetos cortantes ou perfurantes.
O tratamento é feito com medicamentos e não cura a doença. O objetivo é controlar o dano hepático.
Edição: Martina Medina