O caráter simbólico da reunião da tarde desta sexta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e representantes do primeiro escalão do governo federal foi um dos aspectos mais importantes do encontro, segundo representantes de movimentos populares que falaram ao Brasil de Fato.
O edifício sede do Armazém do Campo e da livraria Expressão Popular na capital paulista recebeu representantes de cerca de 70 organizações, algo inédito não só neste terceiro governo chefiado pelo petista como nas relações entre governos e movimentos.
"É a primeira vez que você vê quase todos os movimentos participarem dessa conversa – eu não vou falar todos, porque existem outros movimentos regionais que não estiveram", afirmou Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Nesta sexta, além do próprio Lula, os movimentos receberam os ministros Fernando Haddad (Fazenda); Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência da República) e Laércio Portela (que ocupa interinamente a Secretaria de Comunicação Social).
"A fala do ministro Fernando Haddad foi muito boa, muito honesta", apontou Gilmar Mauro, destacando que Haddad falou sobre "o que foi feito até aqui e o que está se tentando fazer para não haver graves problemas financeiros no país, mas, ao mesmo tempo, ter recursos para investimentos".
A atividade pode ter marcado o início de uma série de espaços de diálogo. Foi discutida a possibilidade de uma agenda permanente, com encontros pontuais com o próprio presidente e discussões temáticas com ministros.
Para Rud Rafael, coordenador nacional do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o espaço aberto a partir do encontro desta sexta permite que os movimentos se posicionem de maneira mais coordenada perante um governo "que acolhe as demandas populares".
"O sentimento de Lula, de otimismo em relação ao Brasil, também foi a vontade da maioria dos movimentos de apontar caminhos", destacou Rafael, apontando que os movimentos devem trabalhar para ter mais incidência política.
A sensação de otimismo foi compartilhada também por Neiva Ribeiro, presidenta do presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que também participou do encontro.
"Foi um diálogo bacana. A gente conseguiu falar tudo o que está pensando, as expectativas de cada movimento, como ter acesso a mais direitos, mais emprego, como os avanços da economia vão chegar no prato e na vida das pessoas. Eu saí animada", resumiu.
A reunião marcou, ainda, a "inauguração política" da nova casa dos movimentos populares na região central da capital paulista. O prédio onde funciona o Armazém do Campo e a livraria Expressão Popular, inaugurado em abril, recebeu o presidente da República três meses depois.
"Esse espaço é o espaço do MST. Mas é um espaço do movimento popular, um espaço do povo brasileiro. Estamos muito felizes que essa reunião tenha ocorrido na nossa casa", resumiu Gilmar Mauro.
Edição: Nicolau Soares