O discurso do ex-presidente Donald Trump na convenção do Partido Republicano que confirmou sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos na quinta-feira (18) sinalizou a tática de culpar os democratas pela violência política no país, após o ataque a seu comício no último sábado.
A análise é de Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM, que participou do programa Central do Brasil. Ela aponta que o discurso demonstra que Trump deve partir para uma ofensiva em relação ao partido adversário.
"O discurso pegou um tom que já vinha, desde o atentado, em partidários e aliados do Trump, de colocar a culpa da violência política nos Estados Unidos na atuação dos democratas. Fica claro que essa é uma tática que vai ser usada pela campanha dele, de atribuir ao outro a violência e não ao próprio Trump, desde o governo dele até o 6 de janeiro. Então ele sai de uma posição defensiva para uma posição mais ofensiva com relação aos democratas."
Em pronunciamento nesta sexta-feira (19), o presidente e candidato democrata, Joe Biden, classificou de "sombrio" o discurso do adversário e anunciou que retomará sua campanha na próxima semana, após a recuperação da covid-19.
Holzhacker destaca que a manutenção da candidatura de Biden é o principal fator político que pode mudar o jogo eleitoral neste final de semana. "A grande questão desse final de semana é a própria candidatura democrata, se Biden continuará no pleito, se vai ter uma mudança dentro dos democratas. Essa dinâmica também vai ser uma sinalização importante para saber o quanto o favoritismo do Trump vai se consolidar ou se vamos ter uma mudança de tática e aí o jogo também se altera, se tiver um novo candidato."
Em entrevista na quarta-feira, o presidente havia admitido pela primeira vez a possibilidade de renunciar à candidatura. Ao jornalista Ed Gordon, da BET News, Biden disse que reavaliaria sua permanência na chapa democrata se recebesse recomendação médica.
“Se eu tivesse algum problema de saúde que surgisse, se os médicos viessem até mim e dissessem: 'Você tem este problema, aquele problema'", afirmou Biden, quando perguntado se poderia desistir.
Também na quarta, o congressista Adam Schiff se tornou o democrata de maior peso a pedir publicamente a Biden que retire sua candidatura à reeleição. Em declaração ao jornal Los Angeles Times, Shiff pediu que o presidente "passe o bastão". Na quinta-feira, pessoas do entorno do ex-presidente Barack Obama disseram ao jornal Washington Post que ele teria passado a defender, dentro do seu círculo, a renúncia de Biden.
Política externa
Trump, prometeu na quinta-feira (18) acabar com as crises internacionais e "restaurar o prestígio dos EUA" no cenário mundial, ao declarar que poderia "parar as guerras com uma ligação telefônica".
Denilde Holzhacker aponta que esse discurso sinaliza um alinhamento ainda maior dos EUA com Israel, mas levanta dúvidas sobre sua postura em relação à Rússia.
"A proposta é defender Israel e reafirmar a relação especial como os Estados Unidos. Isso coloca Trump na posição de mais duro com o Hamas e com o Irã. Com relação à Ucrânia e à Rússia, essa sim, coloca mais dúvidas de como vai ser esse telefonema."
A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta sexta-feira (19) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.
E tem mais!
Otan
Após cúpula realizada nos Estados Unidos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidiu aumentar sua presença na Ucrânia. O aprofundamento da parceria entre a aloiança militar ocidental e Kiev dificulta as negociações para o fim da guerra entre ucranianos e russos.
Parada LGBTQIA+
Evento acontece em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, neste domingo (21). A parada de BH é uma das mais políticas do Brasil e completa 25 anos.
Edição: Leandro Melito