Desde o início deste mês, protestos têm se intensificado em Bangladesh contra um sistema de cotas que reserva mais da metade dos cargos públicos a alguns setores da sociedade, incluindo filhos de veteranos da guerra de libertação de 1971 contra o Paquistão.
De acordo com a Agência France Press (AFP), já são 115 mortos e o governo central determinou toque de recolher e o envio de militares às ruas. A maioria das mortes foi causada por disparos de munição real das forças policiais contra os manifestantes, segundo relatos de funcionários do sistema de saúde local à AFP.
Por conta dos protestos, a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, cancelou neste sábado (20) viagens que faria entre domingo e terça-feira à Espanha e ao Brasil. A informação foi confirmada à agência pelo secretário de imprensa do governo bangladeshiano, Nayeemul Islam Khan.
Na sexta-feira (19), manifestantes invadiram uma prisão e libertaram centenas de detentos no distrito de Narsingdi, na região central do país, a cerca de 50 km da capital Daca, e atearam fogo nas instalações. A polícia local ainda não confirmou o número de prisioneiros que teriam escapado na ação.
Além dos estudantes, a principal força de oposição, o Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP) têm se somado aos protestos contra a primeira-ministra, que acusa de corrupção, violação dos direitos humanos e falta de democracia. A oposição pede uma mudança de governo antes mesmo das eleições gerais no país, previstas para janeiro de 2025.
Contexto
Há seis anos, Bangladesh tem vivido períodos de instabilidade política. Em julho de 2018, estudantes organizaram protestos massivos por uma reforma do sistema educacional e contra a insegurança nas estradas do país. Durante as manifestações, duas pessoas foram mortas e outras centenas ficaram feridas.
Em julho de 2023, novos protestos tomaram conta do país pedindo a renúncia da primeira-ministra, diante do aumento da inflação e do custo de vida, principalmente no preço dos alimentos. Segundo o partido BNP, a repressão policial resultou em dezenas de feridos mais 120 pessoas foram presas.
Já em novembro do mesmo ano, trabalhadores do setor têxtil paralisaram as fábricas e fizeram diversos protestos pelo país em luta por melhores salários. O setor representa cerca de 80% das exportações de Bangladesh, que é o segundo maior exportador mundial de roupas.
Com informações da AFP
Edição: Douglas Matos