As autoridades francesas negaram o credenciamento de jornalistas russos e bielorrussos para os Jogos Olímpicos de Paris. Segundo o ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, a proibição a dezenas de jornalistas estrangeiros foi motivada por preocupação em relação a possível espionagem.
Em entrevista ao Le Journal du Dimanche no último sábado (20), o ministro francês alegou que a proibição da presença de jornalistas da Rússia e de Belarus visava estrangeiros que pretendiam comparecer às Olimpíadas de 2024 disfarçados de jornalistas, fisioterapeutas ou técnicos.
"Provavelmente não estariam aqui para realizar ataques. Mas, além do reconhecimento e da espionagem tradicional, deve-se estar atento ao acesso a pontos de entrada em redes de computadores para realizar ataques cibernéticos", disse Darmanen.
Ao mesmo tempo, ele destacou que os russos que trabalhavam para o Comitê Olímpico Internacional foram autorizados a participar dos Jogos.
"Recusamos um grande número de 'jornalistas' que alegavam querer cobrir os Jogos. Por outro lado, permitimos a presença de russos que trabalham no Comitê Olímpico Internacional", afirmou.
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Gerald Darmanin afirmou também que, no total, 960 mil dossiês verificados pelos serviços de inteligência, 4.340 pessoas, entre voluntários, funcionários de estádios e membros de delegações esportivas, tiveram negada permissão para trabalhar nos Jogos Olímpicos de 2024. O ministro diz que grande parte destas restrições diz respeito a suspeitos de terrorismo, movimentos radicais, e cidadãos que de alguma forma representaram uma ameaça à segurança do Estado, bem como daqueles que já foram condenados por crimes.
O comitê organizador das Olimpíadas de Paris recusou o credenciamento a todos os jornalistas da agência estatal RIA Novosti Sport, citando a decisão das autoridades francesas.
A decisão acontece no contexto da proibição da Rússia e de Belarus participarem das Olimpíadas com os seus símbolos nacionais por conta da guerra da Ucrânia. Apenas 15 atletas russos e 16 bielorrussos participarão dos Jogos sob a condição de status de neutralidade, sem uniformes, bandeiras ou hinos dos seus países.
O banimento da participação oficial da Rússia nos Jogos Olímpicos foi devido à guerra da Ucrânia e se estende a Belarus, país que é aliado direto de Moscou no conflito. Atletas que "apoiaram ativamente a guerra" e ligados a agências de aplicação da lei e do exército não foram autorizados a participar dos jogos. Além disso, apenas atletas de esportes individuais destes países puderam se qualificar para participar dos Jogos.
Kremlin considera decisão 'inaceitável'
O Kremlin reagiu à decisão da França de proibir o trabalho de jornalistas russos. De acordo com o porta-voz presidencial, Dmitry Peskov, a decisão de Paris é "inaceitável".
"É claro que gostaríamos de ver uma reação a tais decisões por parte das organizações relevantes de direitos humanos e das organizações envolvidas na garantia dos fundamentos e regras da liberdade da mídia. A atitude [das autoridades francesas] é extremamente negativa", acrescentou Peskov.
O porta-voz destacou também que tal recusa prejudica o trabalho dos meios de comunicação e "viola as obrigações da França para com a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e outras organizações".
Os Jogos Olímpicos serão realizados em Paris, de 26 de julho a 11 de agosto, e os Jogos Paraolímpicos, de 28 de agosto a 8 de setembro.
Edição: Rodrigo Durão Coelho