Foi firmado na China um acordo histórico que reaproxima os dois principais grupos palestinos, rompidos desde os violentos conflitos de 2007: o Hamas que comanda a Faixa de Gaza, e o Fatah, que governa a Cisjordânia. Representantes de 14 das principais entidades da Palestina assinaram a Declaração de Pequim, onde concordam alcançar uma unidade nacional abrangente que inclua todas as forças dentro da estrutura da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), e formar um governo nacional de consenso.
O texto afirma que as organizações palestinas defendem o “estabelecimento de um Estado palestino independente com Jerusalém como sua capital, de acordo com as resoluções da ONU, e garantir o direito de retorno de acordo com a Resolução 194", que prevê o retorno dos refugiados a suas casas.
O líder do Hamas, Musa Abu Marzouk, disse, segundo o portal Al Aribiya que o acordo assinado com o Fatah e outras entidades palestinas é de "unidade nacional". Fatah e Hamas já haviam iniciado o diálogo em abril quando, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, "os dois lados expressaram plenamente a sua vontade política de alcançar a reconciliação através do diálogo e da consulta".
A convite do governo da República Popular da China, as conversas aconteceram de 21 a 23 de julho, e foram a segunda rodada desse tipo de diálogo em Pequim. O ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, também afirmou que o maior destaque do acordo é o foco na admnistração de Gaza no pós-guerra e a formação de um governo interino de reconciliação nacional. "O apelo mais forte é alcançar um Estado palestino verdadeiramente independente, de acordo com as resoluções pertinentes das Nações Unidas", concluiu o chanceler chinês.
Wang Yi, disse no discurso de encerramento das reuniões que o consenso mais importante deste diálogo foi "alcançar uma grande reconciliação e unidade entre todas as 14 entidades".
Israel responde
Na Declaração de Pequim, as entidades palestinas agradeceram os "esforços sinceros envidados pela República Popular da China com base no seu apoio aos direitos do povo palestino e na sua vontade de acabar com a divisão e unificar a posição palestina". Também saudaram China e Rússia pelos esforços "para convocar uma conferência internacional com plenos poderes para pôr fim à ocupação israelita".
No final de fevereiro, representantes de cerca de 10 organizações palestinas também haviam se reunido em Moscou, capital russa, com o mesmo objetivo de superar as divisões internas. A porta-voz da chancelaria chinesa disse em coletiva na tarde de terça-feira (23) que esta é a primeira vez que 14 grupos palestinos se reúnem em Pequim para manter um diálogo de reconciliação, “trazendo uma esperança preciosa ao povo palestino que tem sofrido muito".
Segundo a declaração, a conferência deve "implementar resoluções internacionais que sejam justas com os direitos dos o povo palestino sob a égide das Nações Unidas e dos seus auspícios e com ampla participação internacional e regional como alternativa ao patrocínio unilateral e tendencioso estadunidense".
As organizações reunidas na China foram: Fatah, Hamas, Jihad Islâmica, Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Frente Democrática para a Libertação da Palestina (DFLP), Partido do Povo Palestino (PPP), Frente de Luta Popular Palestina (PPSF) e Iniciativa Nacional Palestina (PNI), Frente Popular para a Libertação da Palestina – Comando Geral (PFLP-GC), a União Democrática Palestina (FIDA), a Frente de Libertação da Palestina, a Frente de Libertação Árabe, a Frente Árabe Palestina e as Forças Thunderbolt.
Pouco depois do anúncio, no entanto, o chanceler israelense criticou o acordo e disse que Israel não o aceitará.
"Hamas e Fatah assinaram um acordo na China com vistas a um controle conjunto de Gaza depois da guerra. Ao invés de rejeitar o terrorismo, Mahmoud Abbas abraça os assassinos e estupradores do Hamas, e mostra assim sua verdadeira face", escreve no X o chanceler israelense, Israel Katz.
"Isso não ocorrerá, porque o poder do Hamas será esmagado, e Abbas observará Gaza de longe", enfatizou o ministro.
*Com informações de Al Aribiya, Monitor do Oriente Médio, CGTN.
Edição: Leandro Melito