A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, arrecadou US$ 81 milhões - equivalente a R$ 450,3 milhões na cotação atual. Trata-se da maior arrecadação de fundos realizada em 24 horas por um candidato presidencial em toda a história do país. Os aportes foram feitos por pequenos doadores, ressaltou, em um comunicado, a equipe da vice-presidente.
Harris iniciou a semana como favorita para enfrentar o republicano Donald Trump como candidata democrata às eleições de novembro, graças ao apoio de pesos pesados do partido após a desistência de Joe Biden de disputar a reeleição.
Negra e de ascendência sul-asiática, ela é a única mulher vice-presidente na história dos Estados Unidos e, até o momento, não tem rivais dentro do partido que ameacem sua candidatura. Um adversário em potencial, o senador independente Joe Manchin, descartou se apresentar nesta segunda-feira.
Doadores
A campanha de Harris parece ter animado tanto grandes como pequenos doadores. O grupo democrata de arrecadação de fundos ActBlue relatou no domingo à noite seu "maior dia de arrecadação de fundos do ciclo de 2024", com US$ 46,7 milhões (R$ 259,6 milhões) em contribuições de pequenos doadores desde o lançamento da campanha de Harris.
O Swing Left, um grupo de base que lançou um fundo para a futura candidata democrata no domingo, disse à AFP que arrecadou mais de US$ 160 mil dólares (R$ 889,4 mil) de cerca de 1,5 mil doadores únicos em menos de 24 horas.
Entre os nomes que apoiaram Harris no domingo à tarde estava Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn, que escreveu nas redes sociais: "Apoio incondicionalmente Kamala Harris e sua candidatura à presidência dos Estados Unidos em nossa luta pela democracia em novembro".
Alex Soros, presidente das Open Society Foundations e filho do bilionário filantropo George Soros, também pediu "união em torno de Kamala Harris e [para] derrotar Donald Trump".Os Soros são conhecidos por serem megadoadores em cada ciclo eleitoral.
Roger Altman, fundador da Evercore, disse à CNBC nesta segunda-feira que, como doador de Wall Street, também apoiou Harris e espera que sua campanha seja "muito bem financiada". "De repente, a base democrata passou de desanimada para entusiasmada", afirmou.
Convenção
Faltando pouco mais de três meses para as presidenciais, os democratas devem escolher um novo candidato na convenção, que está marcada para 19 de agosto em Chicago. Mas é possível que não esperem até essa data. Os delegados da convenção foram informados que a votação da candidatura de Harris ocorrerá em 1º de agosto, mais de duas semanas antes da reunião, informou a CBS.
Se os democratas não chegarem a um acordo para apoiá-la, uma convenção aberta a outros candidatos poderá ser realizada em Chicago, mas neste momento não há indícios de que isso possa acontecer, apesar de alguns doadores de campanha pleitearem isso.
Pouco depois de Biden desistir da candidatura, o doador Vinod Khosla pediu uma "convenção aberta" e "um candidato mais moderado" em uma postagem nas redes sociais, mencionando Shapiro e a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer.
Outro contribuinte, John Morgan, escreveu: "Você tem que ser entusiasta ou esperar por uma nomeação política para pedir dinheiro aos amigos. Eu não sou nem uma coisa nem outra"
Apoio democrata
Além do "total apoio e endosso" de Biden, Harris foi apoiada pelo ex-presidente Bill Clinton e sua esposa Hillary, ex-secretária de Estado, além de ao menos sete governadores, alguns deles considerados potenciais concorrentes: os da Califórnia, Michigan, Illinois, Minnesota, Wisconsin, Maryland e de Kentucky. Este último, Andy Beshear, é um dos favoritos a ser seu companheiro de chapa.
Parte dos congressistas democratas, tanto progressistas quanto moderados, uniram-se em torno dela. Nesta segunda, a influente ex-presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, anunciou apoio a Harris. "Com imenso orgulho e otimismo ilimitado pelo futuro do nosso país, apoio a Vice-Presidente Kamala Harris para Presidente dos Estados Unidos. Tenho plena confiança de que ela nos levará à vitória em novembro", declarou Pelosi em postagem na rede X.
Em cima do muro
Alguns democratas de prestígio, porém, ainda não demonstraram publicamente seu apoio. Entre eles, destacam-se dois: o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e o influente ex-presidente Barack Obama. "Navegaremos em águas desconhecidas nos próximos dias", disse Obama em um comunicado no domingo.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito