A Venezuela realiza no próximo domingo (28), a sua 15ª eleição presidencial desde a redemocratização, em 1958. De lá para cá, algumas regras mudaram, mas o pleito mantém o formato que foi reconhecido por diferentes centros de pesquisa do mundo e chegou a ser elogiado até pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter. No comando do Centro Carter dos EUA, que monitora os processos eleitorais em todo o mundo, ele chegou a afirmar, em 2012, que o sistema eleitoral venezuelano era “o melhor do mundo”.
"São 92 eleições que monitoramos, eu diria que o processo eleitoral na Venezuela é o melhor do mundo", disse ele em discurso anual do Centro Carter em Atlanta. Ele reforçou que o sistema é totalmente automatizado, o que confere agilidade na contagem.
Na ocasião, Carter também revelou sua opinião de que nos EUA “temos um dos piores processos eleitorais do mundo, e isso se deve quase que inteiramente à entrada excessiva de dinheiro”, disse ele referindo-se à falta de controle sobre as doações privadas de campanha.
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Os comentários foram feitos apenas três semanas antes de os venezuelanos irem às urnas no dia 7 de outubro de 2012. Aquela foi uma eleição presidencial histórica, na qual o presidente socialista Hugo Chávez foi reeleito para um quarto mandato de 10 de janeiro de 2013 até 10 de janeiro de 2019, mas faleceu em março de 2013, no início de seu governo.
O Centro Carter foi fundado em 1982 por Jimmy Carter e sua esposa Rosalynn Carter. O instituto passou a acompanhar eleições em todo o mundo e capacitou profissionais para fazer recomendações sobre esses processos. A organização, no entanto, não emite um parecer sobre a legalidade ou não dos resultados.
O grupo confirmou a participação no pleito venezuelano de 2024. Em nota, o Centro Carter disse que não vai avaliar os processos de votação e contagem. Serão avaliadas se as obrigações do país estão de acordo com a Constituição Nacional e se os direitos humanos estão sendo respeitados.
Como funcionam as eleições
No país, não há limite de reeleição para presidente. O sucessor de Chávez e atual chefe do Executivo é Nicolás Maduro, que concorre à reeleição para o 3º mandato neste domingo (28).
O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano contratou uma empresa em 2004 que desenvolveu e implementou mais de 500 mil máquinas e treinou 380 mil profissionais para operar as máquinas. Assim como o Brasil, a Venezuela também usa a urna eletrônica, mas a diferença é que no sistema venezuelano o voto é também é impresso.
O eleitor entra na sala de votação, valida sua biometria e registra o voto na urna eletrônica. Ele recebe o comprovante do voto, confere se está correto e deposita em uma outra urna, onde ficam armazenados os votos impressos. Quando a votação é encerrada, o chefe da seção imprime o boletim de urna e faz a contagem dos votos impressos para conferir se estão de acordo.
O Conselho Nacional Eleitoral do país, CNE, também realiza antes de todas as eleições um calendário de auditoria das máquinas. O objetivo é revisar toda a tecnologia das urnas, os registros dos eleitores, o software usado e os serviços de telecomunicações para que não haja falhas no sistema durante o pleito.
Edição: Leandro Melito