Após uma cerimônia de abertura com poucas manifestações políticas, as participações de atletas israelenses nas Olimpíadas vêm levantando protestos – seja da torcida, seja de outros esportistas – em repúdio ao genocídio praticado por Israel na Faixa de Gaza desde outubro de 2023.
O caso mais emblemático até agora foi o do judoca Messaoud Redouane Dris, da Argélia, que não apareceu para lutar contra o israelense Tohar Butbul. A justificativa oficial apresentada pelo país foi a de que Dris havia ultrapassado em 400 gramas o peso máximo de sua categoria (até 73 kg).
O Comitê Olímpico Israelense, no entanto, se manifestou contra a postura do atleta argelino. "Achamos que esse tipo de comportamento não tem lugar no mundo do esporte", declarou a entidade. A Federação Internacional de Judô (FIJ) disse que vai abrir uma investigação sobre o caso, já que há a suspeita que o peso não tenha sido batido propositalmente.
A Argélia está entre os 28 países que não reconhecem Israel oficialmente. O comitê olímpico do país não deu declarações oficiais sobre o caso.
O Irã, que tampouco reconhece Israel, foi mais contundente na crítica. Em uma publicação no X/Twitter, o Ministério das Relações Exteriores iraniano criticou a a participação de Israel nas Olimpíadas. "Eles não merecem estar presentes nas Olimpíadas de Paris por causa da guerra contra os inocentes de Gaza", diz a postagem.
Announcing the reception & protection of the Apartheid & terrorist Zionist regime's convoy only means giving legitimacy to the child killers.
— Foreign Ministry, Islamic Republic of Iran 🇮🇷 (@IRIMFA_EN) July 23, 2024
They do not deserve to be present at the Paris Olympics because of the war against the innocent people of #Gaza.#BanIsraelFromOlympics pic.twitter.com/50aNULlhyC
Torcida também se manifesta
Em um vídeo que viralizou nas redes sociais nesta segunda-feira (29), um casal de israelenses aparece assediando um espectador não identificado – que vestia uma camiseta da seleção brasileira. Ele dava uma entrevista sobre o jogo entre Israel e Mali no futebol masculino, realizado no dia 24 de julho, quando foi interrompido por um casal que repetia "política não". O torcedor tentou argumentar, dizendo que estava falando sobre futebol, mas seguiu sendo interrompido. Após a situação se estender por alguns segundos, ele reagiu e começou a entoar "Palestina livre". O casal passou, então, a xingá-lo abertamente. Veja o vídeo abaixo.
“No politics here” 😂 pic.twitter.com/eB1qgBg8ob
— Frank (@forget_exit) July 27, 2024
Nas arquibancadas, também houve protesto. Durante o jogo da seleção israelense de futebol contra o Paraguai, no último sábado (27), um grupo de torcedores carregou bandeiras palestinas e estendeu uma faixa com os dizeres "Genocide Olympics" ("olimpíadas do genocídio", em tradução livre). No dia seguinte, o Ministério Público francês anunciou que abrirá um inquérito para investigar "antissemitismo" por parte dos torcedores.
Sem medalhas para os brasileiros
As competições desta segunda-feira (29) não renderam medalhas para o Brasil. No judô, Rafaela Silva (-57kg), campeão olímpica nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, foi derrotada na semifinal e, em seguida, na disputa pela medalha de bronze. Já Daniel Cargnin (-73kg), que foi bronze nas Olimpíadas de Tóquio, perdeu na primeira luta.
No skate street, Kelvin Hoefler conseguiu classificação para a final, mas terminou na sexta colocação em uma competição de altíssimo nível.
No surfe, Gabriel Medina protagonizou a manobra de maior nota já registrada em Olimpíadas, um 9,9. O momento garantiu sua classificação para as quartas-de-final da competição e também um dos registros fotográficos mais memoráveis dos jogos, de autoria do fotógrafo Jerome Brouillet, da AFP.
Também no surfe, Filipe Toledo não fez uma boa bateria e foi eliminado nas oitavas. Já João Chianca, o Chumbinho, travou uma das disputas mais emocionantes na modalidade até agora contra o marroquino Ramzi Boukhiam, com mudanças constantes na liderança do placar. O brasileiro venceu com 18,10, contra 17,80 do rival e carimbou um encontro brasileiro com Medina nas quartas. Com isso, o Brasil já garante um lugar nas semifinais da modalidade.
A competição feminina, que contaria com Tatiana Weston-Webb, Luana Silva e Tainá Hinckel, foi adiada por conta do maus tempo e deve acontecer nesta terça-feira (30).
Já no tênis, o Brasil ficou sem representantes em simple após a derrota de Beatriz Haddad Maia para a eslovaca Anna Karolina Schmiedlová. No entanto, ela vanceu seu jogo de duplas, em parceria com Luisa Stefani, contra a dupla chinesa Yue Yuan/Shuai Zhang. Elas estão nas oitavas-de-final da competição.
A dupla masculina Thiago Monteiro e Thiago Wild também venceu. Eles superaram os cazaques Aleksandr Nedovyesov e Alexander Bublik por 2 a 0 e também estão nas oitavas.
Edição: Nicolau Soares