Reação

Ataques visam 'limitar mulheres à condição de vítima', diz Talíria Petrone após ameaças de morte

Psolista é alvo de tentativas de intimidação desde 2016, quando se tornou vereadora, e acionou PF, MP e Polícia Civil

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Deputada Talíria Petrone durante ida a delegacia no RJ - Mandato Talíria Petrone/Divulgação

Após sofrer uma série de ataques racistas e ameaças de morte, a deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ) disse, nesta quarta-feira (31), que vai buscar uma responsabilização "de maneira mais séria" do criminoso. Ela acionou a Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro (PF-RJ), a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância da Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público Federal (MPF), aos quais cabe agora a apuração do caso.

A parlamentar conta que sofre frequentes tentativas de intimidação desde 2016, quando se tornou vereadora no Niterói (RJ), mesma época em que foi eleita Marielle Franco (Psol), assassinada em 2018. Desta vez, os insultos contra Talíria chegaram via e-mail durante a última semana. O caso foi denunciado às autoridades na tarde de terça (30). As ameaças surgem no momento em que a psolista é pré-candidata à Prefeitura de Niterói (RJ). Na mensagem dirigida à deputada, o criminoso detalhou a rotina da parlamentar e dos seus dois filhos, bem como exigiu a retirada da candidatura.

"Queremos paz na política. Vamos buscar responsabilizar da maneira mais séria o criminoso. Essa mensagem é uma forma de limitar as mulheres a uma condição de vítima porque esses intimidadores sabem da nossa força. Mas nós não vamos nos limitar a essa pauta porque temos propostas para a cidade, para melhorar a vida das pessoas. E queremos ser livres para ocupar espaços Brasil afora", disse Talíria, em nota veiculada por sua assessoria de imprensa.

Ao chegar na delegacia na terça, a deputada se pronunciou afirmando que considera a situação "absurda". "Diante de tanta coisa para construir na política, tantas propostas para melhorar a cidade, tantas feitos do mandato, é bem lamentável ser obrigada a estar nesse lugar de ameaça, vítima e tentativa de interdição. Nada vai me impedir de ser uma mulher negra que faz política por completo, que decide os rumos da cidade, discute orçamento público, economia, educação", emendou.

Por conta do histórico de ameaças recebidas, o caso da deputada já é alvo de inquéritos que apuram ataques proferidos por milicianos cariocas. Há alguns anos a parlamentar é acompanhada durante 24 horas por escolta policial, bem como é atendida pelo Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. "Faço um chamado pela paz na política. Toda divergência deve ser aceita. Violência jamais", disse Talíria nesta quarta.

Violência política

A violência política cresceu na esteira do aprofundamento da polarização política e do avanço da extrema direita, ganhando realce no cenário político do país desde os últimos anos. O fenômeno tem se manifestado nas ruas, nas redes sociais, nos espaços da política institucional e em outras frentes. Em junho deste ano, o Brasil de Fato mostrou que somente no Congresso Nacional houve 133 ocorrências do tipo entre janeiro de 2019 e maio deste ano, segundo estudo do Observatório da Violência Política e Eleitoral (OVPE), vinculado ao Grupo de Investigação Eleitoral (Giel) da Escola de Ciência Política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). 

Edição: Thalita Pires