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Maduro pede povo mobilizado para 'restituir a paz' na Venezuela e chama Edmundo de 'covarde'

Presidente reeleito afirmou que as polícias estarão nas ruas em todas as cidades do país para conter protestos violentos

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Nicolás Maduro discursou para apoiadores no palácio presidencial de Miraflores - Federico Parra / AFP

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta terça-feira (30) uma “mobilização permanente” para restituir a paz e defender o resultado das eleições. Em discurso no palácio Miraflores, sede do Executivo venezuelano, ele também chamou o candidato da oposição Edmundo González Urrutia de “covarde”.

Maduro foi reeleito no domingo para o terceiro mandato no país. Ele disse que Urrutia é um “novo Guaidó”. O nome faz referência ao ex-deputado Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente em 2019, um ano depois da primeira reeleição de Nicolás Maduro. 

Segundo Maduro, o povo precisa estar mobilizado todos os dias para defender o resultado das eleições. “Todos os dias que estão por vir, até restituirmos a paz que perturbaram, até que consolidemos a paz, há duas opções: primeiro, que se cumpra a ordem que foi dada no dia de hoje [terça] no Conselho de Segurança da Nação, de patrulha militar e policial em todas as cidades da Venezuela. E, dois, povo mobilizado nas ruas todos os dias, para restituir a paz”, afirmou.

Ele também chamou o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, de “covarde” e questionou também se as depredações dos protestos da direita podem ser chamadas de “protesto”. 

“Ontem à noite [segunda], um grupo de bandidos armados tentaram queimar uma escola em Antimano, que entreguei há dois meses, totalmente remodelada e bonita. Isso se pode chamar de protestos pacíficos? Isso são os comandos fascistas e criminosos”, disse Maduro.

O presidente afirmou que as manifestações são uma ação planejada, já que foram anunciadas antes mesmo das eleições. O representante do grupo opositor Plataforma Unitária, Biagio Pilieri, havia dito em 18 de julho que só reconhecerá os resultados das urnas na Venezuela que fossem acompanhados pela oposição. De acordo com ele, a campanha eleitoral “é desigual” e há “atropelos e abusos contra a opção democrática”. Maduro reforçou que está denunciando a “tentativa de golpe” desde o começo do ano.

Durante a tarde, o governo instalou um Conselho de Segurança para discutir as próximas medidas para conter as manifestações violentas. O grupo reuniu ministros, procuradores e integrantes das Forças Armadas. Depois da reunião, Maduro discursou para apoiadores que se reuniram em volta do Palácio Miraflores.

O Conselho definiu a criação de um fundo de 10 milhões de dólares para atender as vítimas das manifestações violentas, a organização de operações para fazer a segurança nos bairros e uma comissão para avaliar os ataques ao sistema eleitoral. Esse grupo receberia consultoria russa e chinesa.

Logo após divulgar o resultado das eleições, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) denunciou um ataque ao sistema eleitoral do país durante as eleições presidenciais. O órgão afirmou que ocorrido atrasou a divulgação dos resultados.

Os dados foram anunciados a meia-noite no horário local (1h10 no horário de Brasília). Com 80% das urnas apuradas, Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato com 51,2% dos votos contra 44,2% de Edmundo González Urrutia, da Plataforma Unitária. Os outros 8 candidatos tiveram 4,6%.

O CNE não deu detalhes, no entanto, de como foram esses ataques. A única especificação foi um ataque na transmissão dos dados das urnas para o sistema eleitoral.

Marcha em Caracas

A fala de Maduro foi diante de chavistas que participaram de manifestações na capital. Ao todo, três marchas foram organizadas, saindo de diferentes pontos da cidade para chegarem ao Palácio Miraflores. Maduro elogiou os apoiadores e disse que os movimentos mostraram força. 

Ao mesmo tempo, sem provas, a oposição mantém a narrativa de que as eleições foram fraudadas pelo governo e também organizou um ato em frente ao escritório das Nações Unidas em Caracas. Na manifestação ocorrida no dia anterior, episódios de violência deixaram um saldo de 749 detidos, segundo o procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab.

As duas marchas, no entanto, perderam força devido a uma chuva em Caracas. Com isso, tanto oposição quanto governo tiveram os protestos esvaziados no final da tarde. 

Edição: Geisa Marques