ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Prefeitura de SP: vice pode ajudar a definir disputa eleitoral que promete ser acirrada na cidade

Cientista política Rosemary Segurado explica como formação de chapa pode influenciar voto de eleitores

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Marta Suplicy (PT), que já foi prefeita de São Paulo, deve fortalecer campanha como vice do candidato Guilherme Boulos (Psol) - Foto: Governo do Estado de São Paulo

A última pesquisa eleitoral sobre a disputa pela prefeitura de São Paulo apontou que a campanha vai exigir muito dos candidatos. Segundo o levantamento da Quaest, divulgado nesta terça-feira (30), há um empate triplo entre as principais preferências dos eleitores

Na pesquisa, o atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), apareceu com 20% das intenções de voto, seguido pelo apresentador José Luiz Datena (PSDB), com 19%, e pelo deputado federal Guilherme Boulos (Psol), com a mesma porcentagem. Por causa da margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, há empate técnico.

"Em um cenário tão competitivo assim, os candidatos vão ter que explorar aquilo que dá uma diferença e que possa agregar - e agregar aqui, no processo eleitoral, significa visibilidade, agregar ampliação de apoios - para evidentemente ampliar o número de votação", analisa a cientista política Rosemary Segurado, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Para Rosemary, o que pode pesar na escolha do eleitor são os vices dos candidatos. Boulos foi um dos primeiros a definir a chapa, com Marta Suplicy (PT), que já foi prefeita da capital paulista. 

Mesmo com a convenção do MDB ainda para acontecer - marcada para o próximo sábado, dia 3 de agosto -, Ricardo Mello, ex-comandante da Rota, já foi anunciado como o vice de Nunes. E, em convenção tumultuada na última semana, o PSDB oficializou a candidatura de Datena com o ex-senador José Aníbal como vice.

"Nesse sentido, quem largou na frente foi Guilherme Boulos, [que] escolheu a ex-prefeita Marta Suplicy, de volta ao Partido dos Trabalhadores, uma ex-prefeita marcada por uma gestão muito bem avaliada, principalmente por alguns programas sociais nas periferias", lembra a cientista política.

Como exemplo da gestão petista, Rosemary destaca a construção dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), escolas que oferecem diversas atividades para a comunidade do entorno.

Se por um lado Boulos pode ser beneficiado com a definição de sua chapa, o atual prefeito pode ver o contrário acontecer. 

"Essa era uma grande dúvida de Ricardo Nunes. Ele, de uma certa maneira, titubeou, chegou a pensar em não escolher o coronel Mello como seu vice, porque o coronel é a presença da polícia que tem sido tão mal avaliada, principalmente pela forma truculenta como aborda a população periférica, principalmente os jovens", avalia. "Mas acabou cedendo e vai com essa escolha." 

Rosemary cita o levantamento recente da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) sobre um eventual segundo turno entre Boulos e Nunes, considerando os vices. O candidato do Psol saltaria de 36% para 46% com Marta, enquanto o prefeito que tenta reeleição cairia de 43% para 36% das intenções de voto quando os eleitores lembram que ele tem Mello como vice.

"A vice Marta agrega 10 pontos para Guilherme Boulos e o vice Mello de Ricardo Nunes diminui aproximadamente 10 pontos. Ou seja, nós vemos aí que o vice vai ter um peso importante", reforça. 

Sobre Datena, sempre pode haver surpresas, mesmo com a oficialização da candidatura, ressalta a cientista política. O apresentador é conhecido pelo histórico de desistências e já demonstrou que poderia abandonar a campanha de novo "a qualquer momento". 

"Acho que ele pode balançar outros projetos e pensar a respeito disso. Ele escolhe uma chapa, vamos dizer, puro sangue, pegando alguém do próprio PSDB, muito importante para a política na cidade de São Paulo, uma figura muito emblemática do partido, mas que não agrega mais por não ter uma projeção pública tão relevante assim", diz, se referindo a escolha de Aníbal para vice.

"Mas ele conseguiu, pelo menos, com isso, aplacar algumas insatisfações no interior do partido no qual ele acaba de chegar", contrapõe.

Na pesquisa Quaest, os pré-candidatos que aparecem atrás dos três empatados tecnicamente são: Pablo Marçal (PRTB), com 12%, e Tabata Amaral (PSB), com 5%. Ambos, porém, ainda não definiram os vices. Mesmo Tabata, que já oficializou a candidatura em convenção no último sábado (27).

A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta quarta-feira (31) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.

Edição: Martina Medina