O presidente Nicolás Maduro afirmou nesta terça-feira (30) que o bilionário dono do X (ex-Twitter), Elon Musk, é um agente que tenta desestabilizar a Venezuela. Durante uma reunião do Conselho de Segurança no palácio Miraflores, sede do governo venezuelano, o mandatário disse que por trás das manifestações violentas da extrema direita e do ataque contra o sistema eleitoral do país, está “o império dos Estados Unidos, o narcotráfico colombiano, Elon Musk e a direita extremista e fascista”.
De acordo com Maduro, o bilionário é um dos responsáveis por incentivar o “caos, a mentira e a violência” na Venezuela e pelos ataques contra o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
“Tenho certeza que os ataques são dirigidos pelo poder de Elon Musk. Estamos enfrentando uma arremetida internacional, mundial, do imperialismo estadunidense, de Elon Musk, da direita internacional extremista e do narcotráfico colombiano para se apoderar do país por meio da criminalidade, caos, mentira e violência”, disse.
"Quer controlar o mundo, já controla a Argentina (...) Você quer briga, Elon Musk? Estou pronto, sou filho de (Simón) Bolívar e (Hugo) Chávez, não tenho medo de você", disse Maduro em uma entrevista coletiva também na terça-feira (30). No dia seguinte, o bilionário publicou em seu perfil do X que "aceita" o desafio. Em outra postagem, Musk disse: “Se eu ganhar, ele renuncia ao cargo de presidente da Venezuela. Se eu perder, ele ganha uma viagem a Marte de graça”.
O governo instalou um Conselho de Segurança para discutir as próximas medidas para conter as manifestações violentas. O grupo reuniu ministros, procuradores e integrantes das Forças Armadas. Uma das questões discutidas é o ataque contra o sistema eleitoral venezuelano. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) denunciou um ataque hacker durante as eleições presidenciais. O órgão afirmou que isso atrasou a divulgação dos resultados.
Elon Musk tem apoiado as manifestações violentas na Venezuela e contestado os resultados das eleições do país. Em publicações nas redes sociais, compartilhou mensagens afirmando que o candidato opositor Edmundo González Urrutia venceu o pleito e pedindo para que venezuelanos vão às ruas protestar contra o resultado do pleito.
As eleições foram realizadas no domingo (28) e tiveram como vencedor o presidente Nicolás Maduro para um terceiro mandato. Ele recebeu 51,2% dos votos contra 44,2% do ex-embaixador candidato da Plataforma Unitária. O resultado foi divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com 80% das urnas apuradas.
Logo depois da divulgação dos resultados, Elon Musk afirmou que era “verdade” a denúncia feita pela ex-deputada ultraliberal María Corina Machado. Sem provas, ela afirmou que "González Urrutia teve 70% dos votos e Nicolás Maduro 30%”.
Depois do começo das manifestações, Musk compartilhou um suposto vídeo em que manifestantes teriam derrubado um outdoor com a foto de Maduro e, fazendo referência ao mandatário, afirmou que o “povo da Venezuela está farto desse palhaço”. Em outras publicações, o dono do X também chamou Maduro de “burro”, ditador e compartilhou uma série de fotos com as manifestações violentas da extrema-direita –as chamadas guarimbas.
Ele também compartilhou uma montagem da extrema-direita com os supostos “resultados verdadeiros” das eleições. Na imagem, Edmundo González aparece com mais de 7 milhões de votos contra 3,2 milhões de Maduro. Os dados, inclusive, contradizem o que María Corina Machado disse depois da divulgação dos resultados. Sem apresentar provas, ela afirmou que o candidato da Plataforma Unitária, Edmundo González Urrutia, recebeu 6.275.182 de votos contra 2.759.256 de Maduro e disse que não vai reconhecer a contagem oficial do CNE.
Elon Musk na Bolívia
Essa não é a primeira vez que o bilionário critica processos políticos da América do Sul. Em 2020, em publicação na sua rede social X (ex-Twitter), Musk já havia avisado: “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”. A mensagem foi uma resposta a um usuário que afirmava que o dono da montadora Tesla, de carros elétricos, tentaria um golpe na Bolívia para controlar a extração de lítio no país.
A Bolívia tem a maior reserva do recurso no mundo. São cerca de 23 milhões de toneladas concentradas no sul do país. A região conhecida como salar do Uyuni forma um triângulo de grandes reservas com a Argentina – que tem 17 milhões de toneladas – e Chile – com outras 9,3 milhões de toneladas.
O lítio é um componente fundamental para a produção de baterias de alto rendimento para os carros elétricos. A montadora de Musk é uma das principais fabricantes destes veículos no mundo. O empreendedor boliviano Samuel Doria Medina chegou a pedir que a Tesla deveria “construir uma giga fábrica no Salar de Uyuni para fornecer baterias de lítio”, já que Bolsonaro e Musk discutiram a abertura de uma fábrica no Brasil.
Edição: Nathallia Fonseca