Dezenas de movimentos populares divulgaram nesta quinta-feira (1) um manifesto em defesa da paz na Venezuela, diante dos episódios de violência em protestos de apoiadores da direita, que não reconheceu os resultados das eleições realizadas no último domingo (28). Segundo a autoridade eleitoral venezuelana, o atual presidente Nicolás Maduro obteve 51,2% dos votos contra 44,2% do candidato opositor Edmundo González Urrutia.
"A extrema direita, articulada e financiada pelo imperialismo estadunidense, não reconheceu os resultados das urnas e está provocando desestabilização, utilizando o velho método violento das 'guarimbas' nas ruas, convocadas pelos setores oposicionistas ao chavismo no país", diz a nota, que ainda compara as táticas violentas da extrema direita venezuelana à atuação do bolsonarismo no Brasil.
"Vale lembrar que são os mesmos métodos que os fascistas bolsonaristas utilizaram aqui no Brasil, não reconhecendo a vitória de Lula e promovendo o terrorismo que culminou no 8 de janeiro. O manual é o mesmo. Apenas muda os financiadores", diz o texto.
Os movimentos respaldam o processo eleitoral do dia 28 de julho, o trabalho do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), assim como a decisão do povo venezuelano de eleger Nicolás Maduro para mais um mandato, a partir do direito à sua "autodeterminação". E denunciam a tentativa de golpe de Estado no país.
O comunicado repudia ainda as ingerências estrangeiras e cita nominalmente a Organização dos Estados Americanos (OEA), que não reconheceu o desfecho eleitoral e tentou aprovar uma resolução em que acusa o governo Maduro de haver manipulado os resultados. Deste modo, os movimentos exigem "que os governos da América Latina respeitem a vontade popular venezuelana e os resultados proclamados pelo CNE".
Países como Argentina, Chile, Peru, Uruguai e Panamá declararam que não reconheceram os resultados. Já Bolívia, Cuba, Nicarágua e Honduras saudaram a vitória de Maduro nas urnas. Brasil, México e Colômbia pediram a divulgação das atas de votação para se pronunciarem oficialmente.
Finalmente, as organizações condenam a violência dos setores oposicionistas nas ruas, e advoga pela paz na Venezuela "como garantia da soberania na América Latina e Caribe”.
Na quarta-feira (31), Maduro pediu ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) que arbitre a questão, convocando todas as instituições de Estado e partidos envolvidos no processo eleitoral para que se apure as supostas denúncias de fraude a partir de uma perícia nas atas de votação, que ainda não foram apresentadas pelo CNE.
Leia a nota na íntegra.
Movimentos populares brasileiros assinam manifesto em defesa da paz na Venezuela
Os movimentos populares brasileiros vêm, através desta, manifestar apoio e solidariedade à República Bolivariana da Venezuela diante dos ataques da extrema direita após seu processo eleitoral.
No último domingo, dia 28 de julho, a Venezuela passou por mais uma jornada democrática através do voto popular para respaldar o projeto de país levado a cabo pela Revolução Bolivariana.
Queremos primeiramente saudar o povo venezuelano pelo belo exemplo de jornada pacífica, transparente e organizada demonstrada nestas eleições.
Mas a extrema direita, articulada e financiada pelo imperialismo estadunidense, não reconheceu os resultados das urnas e estão provocando desestabilização utilizando o velho método violento das 'guarimbas' nas ruas, convocadas pelos setores oposicionistas ao Chavismo no país. Vale lembrar que são os mesmos métodos que os fascistas bolsonaristas utilizaram aqui no Brasil, não reconhecendo a vitória de Lula e promovendo o tensíssimo que culminou no 8 de janeiro. O manual é o mesmo. Apenas muda os financiadores.
Diante deste contexto, nós, movimentos populares brasileiros, queremos:
- Respaldar o processo eleitoral e o resultado das urnas no último domingo dia 28 de julho, divulgado pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), no qual se elege para mais um mandato o Presidente Nicolás Maduro, representando a vitória do Gran Polo Patriótico com 51,2% dos votos frente às demais candidaturas;
- Respaldar a Nicolás Maduro como presidente eleito pelo povo venezuelano;
- Reafirmar o direito à autodeterminação do povo venezuelano em decidir pelo seu próprio destino;
- Denunciar com veemência as ingerências estrangeiras respaldadas pela OEA em não acreditar na transparência dos resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela;
- Denunciar os atos de violência levado a cabo pelos setores ultradireitistas no país;
- Exigir que os governos da América Latina respeitem a vontade popular venezuelana e os resultados proclamados pelo CNE e que não plantem discórdias entre os governos da região;
- Denunciar a tentativa de golpe de Estado contra o presidente eleito Nicolás Maduro;
- Defender a soberania e a paz na Venezuela como garantia da paz e da soberania de todos os países da América Latina e Caribe;
Brasília, 01 de agosto de 2024
Assinam esta nota:
Agentes de Pastoral Negros do Brasil – APNs
Associação Brasileira de Juristas pela Democracia - ABJD
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Intersex - ABGLT
Central de Movimentos Populares – CMP
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB
Coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes
Coletivo Kizomba
Coletivo Nacional dos Eletricitários - CNE
Confederação Nacional das Associações de Moradores – CONAM
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE
Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos – CONAQ
Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN
Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
INTERSINDICAL - Central da Classe Trabalhadora
Levante Popular da Juventude – LPJ
Marcha Mundial das Mulheres - MMM
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
Movimento Brasil Popular - MBP
Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais - MPP
Movimento Sem Terra – MST
Movimento Pela Soberania Popular na Mineração – MAM
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Campo - MTC
Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos – MTD
Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes - OCLAE
Território Cultural Okaracy
União Brasileira de Mulheres - UBM
União Nacional dos Estudantes – UNE
União de Negras e Negros pela Igualdade - Unegro
Edição: Martina Medina