O primeiro-ministro britânico, o trabalhista Keir Starmer, prometeu nesta segunda-feira (5) condenações "rápidas" por conta dos ataques da extrema direita contra mesquitas e centros para migrantes que solicitaram asilo.
Starmer convocou o seu gabinete e altos funcionários da polícia, incluindo o chefe da Scotland Yard, Mark Rowley, para discutir como impedir o que classificaram como os piores tumultos em 13 anos no Reino Unido, marcados por motivações racistas e xenófobas.
O premiê prometeu que o governo vai "fortalecer a justiça criminal" para garantir sanções "rápidas" em um momento em que o país está chocado com as imagens dos ataques, que incluíram saques a lojas e confrontos com a polícia.
Depois de assumir uma posição de rigidez nos últimos dias contra aqueles que descreveu como "bandidos de extrema direita", Starmer reuniu o gabinete de crise na sua residência em Downing Street, em Londres e anunciou nesta segunda-feira que será criado um contingente permanente de policiais treinados para serem destacados em caso de novos distúrbios.
"Meu objetivo é garantir que acabemos com esses distúrbios", declarou. Na tarde de domingo (4), o primeiro-ministro foi à televisão garantir aos manifestantes que eles vão "se arrepender" de terem participado dos tumultos dos últimos dias, direta ou indiretamente, "provocando estas ações na internet".
Fake news da extrema direita
A onda de violência eclodiu após um ataque com faca que ceifou a vida de três meninas menores de idade há uma semana, durante uma festa temática da cantora Taylor Swift, em Southport. Os distúrbios foram alimentados por falsos rumores e especulações na internet sobre a identidade do suspeito e algumas versões divulgadas por "influenciadores" de extrema direita indicavam que o autor do crime era um solicitante de asilo muçulmano.
A polícia informou que o suspeito é um menino de 17 anos nascido no País de Gales, mas a imprensa britânica informou que seus pais são ruandeses.
Desde o ataque com faca da última segunda-feira em Southport, no noroeste de Inglaterra, os distúrbios e confrontos entre polícia, manifestantes e, por vezes, contra-manifestantes antirracistas se multiplicaram em inúmeras cidades britânicas, desde Liverpool, no noroeste, até Bristol, no sudoeste, passando por Leeds e Sunderland, na Inglaterra, ou Belfast, na Irlanda do Norte.
No domingo, estas manifestações, sob o lema "Já é demais" em referência à chegada ao Reino Unido de migrantes que atravessam o Canal da Mancha em embarcações infláveis, levaram a ataques a dois hotéis que abrigam solicitantes de asilo.
A violência representa um grande desafio para Starmer – um advogado de direitos humanos e ex-chefe do Ministério Público britânico – eleito há apenas um mês na vitória esmagadora dos Trabalhistas sobre os Conservadores.
Deputados de todo o espectro político solicitaram o premiê a convocar o Parlamento, atualmente em férias de verão, incluindo a ex-ministra do Interior ultraconservadora Priti Patel e o líder ultranacionalista do Reform UK, Nigel Farage, conhecido por suas posições anti-imigração.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito