ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Prefeitura do Rio: Com Paes muito à frente em pesquisas, dúvida é sobre quem vai compor possível 2º turno, diz analista

Theo Rodrigues analisa cenário eleitoral no Rio de Janeiro; segurança pública é o tema que mais mobiliza os eleitores

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Presidente Lula e prefeito Eduardo Paes em evento no Rio, em abril; candidato à reeleição tem apoio do petista - Foto: Mauro Pimentel / AFP

A disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro deve exigir pouco da campanha do candidato à reeleição Eduardo Paes (PSD), pelo menos até um possível segundo turno. Segundo a última pesquisa Quaest, divulgada no fim de julho, o atual prefeito da cidade está com 49% das intenções de voto. 

Para Theo Rodrigues, professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Cândido Mendes (Iuperj/Ucam), mudar esse cenário no primeiro turno é praticamente impossível.

"Eu não vejo possibilidade de virar o jogo no primeiro turno, não vejo alguém ultrapassar o Paes. A questão que está em debate hoje na eleição do Rio é como fazer para chegar ao segundo turno e quem será essa pessoa", explica o especialista ao analisar o cenário das eleições municipais na capital fluminense, nesta terça-feira (6), no jornal Central do Brasil.

Na pesquisa Quaest, Paes é seguido pelo delegado Alexandre Ramagem (PL), um pouco distante, com 13% e pelo deputado federal Tarcísio Motta (Psol), que tem 7%. Como a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, Ramagem e Motta estão tecnicamente empatados no limite da margem.  

Theo diz que os candidatos atrás nas pesquisas vão precisar de um esforço maior para conseguir chegar ao segundo turno. "Para Ramagem, cabe um pouco a tarefa de colar sua imagem no Bolsonaro de forma mais nítida pro eleitorado. E apostar num discurso conservador, autoritário, focando ali em religião e segurança pública, por exemplo. As pesquisas têm mostrado que ele ainda é pouco conhecido. Para chegar ao segundo turno, ele precisa fazer com que o eleitorado bolsonarista do Rio de Janeiro, que é muito grande, saiba que ele existe", analisa.

O favoritismo de Eduardo Paes pode ser explicado pelo apoio do Partido dos Trabalhadores (PT) e do presidente Lula. E umas das missões do candidato do Psol à prefeitura do Rio seria a de atrair esses votos para si, pontua o professor de sociologia e política.

"Para Tarcísio [a tarefa] é conseguir convencer o eleitorado carioca de que o voto progressista é nele e não no Paes, porque hoje há um grande campo progressista da cidade por conta do apoio de Lula. Então, o Tarcísio precisa reconquistar esse eleitorado. No fim das contas, a tarefa dos dois, tanto do Ramagem quanto do Tarcísio, é a mesma, que é criticar o Paes e buscar a volta de lá para cá". 

Ainda assim, o professor conta que Paes tem também a vantagem na campanha por ser o atual prefeito da cidade e lista motivos.

"É sabido que candidatos que tentam a reeleição, por terem a máquina da prefeitura nas mãos, possuem mais chances de serem eleitos. O tempo atua a favor do incumbente, porque a campanha oficial só começa agora, 16 de agosto, [mas] o incumbente já está fazendo a pré-campanha há muito mais tempo, ele tem esse tempo maior que o opositor", argumenta Theo. 

"O Eduardo Paes está inaugurando obra pela cidade inteira, diversas ações, políticas públicas, o que os seus opositores não têm. E ele tende a ter uma maior coligação, já que ele replica a sua maioria atual na Câmara de Vereadores. Ele replica essa coligação na eleição. Então ele tem mais tempo de televisão, enfim, mais gente nas ruas, que são os candidatos a vereadores, fazendo campanha."

Entre as estratégias de campanha pra mudar o cenário indicado nas pesquisas estão os temas que os candidatos poderão abordar. No Rio de Janeiro, com índices altos de violência, a segurança pública é que mobiliza o eleitorado, lembra o professor.

"Deve entrar na pauta, por exemplo, se a Guarda Municipal deve ou não ser armada, algo que tem sido debatido muito aqui no Rio. Ramagem deve focar nisso. O campo conservador, o campo à direita do espectro político deve focar nisso. O que é uma pena, porque há temas que alguns especialistas têm mostrado que são tão importantes quanto [o da segurança] para o debate público: a questão da saúde, a questão do tempo integral nas escolas", expõe.

"Quando se pensa em educação, qual política pública deve ser realizada para as pessoas em situação de rua? Esse debate sobre mobilidade e a tarifa zero nos ônibus da cidade, começando por quem está no CadÚnico, ou seja, aqueles que mais precisam. Enfim, a preocupação que talvez nós tenhamos é de que esse tema da segurança pública, por mais importante que seja, acabe inviabilizando outros temas na disputa eleitoral aqui do Rio", conclui.

A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta terça-feira (6) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

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Presidente do Conselho Nacional Eleitoral entrega atas ao Tribunal Supremo de Justiça do país. Os candidatos que disputaram as eleições terão que se apresentar à Corte entre 7 e 9 de agosto para prestar esclarecimentos.

Dívidas de Minas

Há duas opções para resolver o problema do endividamento do estado: uma é o Regime de Recuperação Fiscal, proposto pelo governador Romeu Zema, que inclui a privatização de estatais. A outra é o Propag, de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que prevê a entrega das empresas públicas de Minas à União.

O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.

Edição: Thalita Pires