Homenagem

Legado de Florestan Fernandes continua vivo na luta popular brasileira

Morte do sociólogo e militante da luta popular completa 29 anos neste sábado (10)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Sociólogo tem legado inestimável tanto para a construção intelectual quanto para a luta popular no Brasil - Biblioteca Digital Curt Nimuendajú

Neste sábado (10) o Brasil completa 29 anos sem o sociólogo Florestan Fernandes, um dos maiores intelectuais do país. Ícone do pensamento popular, ele faleceu em 1995, com mais de 50 obras publicadas. 

Considerado o fundador da sociologia crítica brasileira, tornou-se nome essencial para os estudos sobre a desigualdade, o racismo e os direitos humanos. Até o fim, o trabalho de Florestan Fernandes foi pautado pela convicção de que o compromisso com a ciência é inseparável do compromisso com a transformação social. 

Com trajetória profundamente conectada à classe trabalhadora, ele foi filho de mãe solo e passou parte da infância na casa de uma família abastada, onde a mãe era empregada doméstica. 

A consciência sobre as desigualdades estruturais do Brasil vem desde esse período. Na residência, aos seis anos de idade, Florestan Fernandes começou a ter a percepção do peso que as diferenças exercem na sociedade brasileira. 

O sociólogo terminou os estudos iniciais aos 17 anos, em uma espécie de curso supletivo. Em 1941, com 21 anos, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), concluindo o curso de Ciências Sociais. 

Quatro anos depois, obteve o título de mestre na Escola Livre de Sociologia e Política, com a dissertação “A organização social dos Tupinambá”. Em 1951, defendeu a tese de doutorado “A função social da guerra na sociedade Tupinambá”, que virou um clássico da etnologia brasileira.  

A forte conexão com organizações de esquerda e movimentos populares teve início ainda na década de 1940.  Além de seu trabalho acadêmico, Florestan Fernandes teve uma intensa atuação política. Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) e deputado constituinte, com papel fundamental na construção da Constituição.  

Hoje, o sociólogo é lembrado na continuidade de seus legados intelectuais e políticos. Diversos espaços públicos carregam seu nome. Um exemplo é a biblioteca da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. 

Outra emblemática homenagem é a Escola Nacional Florestan Fernandes, criada e mantida pelo Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Construído pelas mãos da classe trabalhadora, o espaço se tornou a expressão prática do que guiou o pensamento e a luta do intelectual. 
 

Edição: Raquel Setz