Via Satélite

Brasília ganha restaurante-escola focado na formação de pessoas periféricas e alimentação sustentável

Localizado na sede do sindicato dos bancários, espaço valoriza formação gastronômica de mulheres

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Restaurante recebe o nome “Via Satélite” porque as vias são a forma de interligação entre o plano piloto e as cidades satélites, de onde vem a maior força de trabalho do estado - Foto: Rafaela Ferreira/Brasil de Fato DF

O Sindicato dos Bancários do Distrito Federal inaugurou nesta quinta-feira (8) o Via Satélite, um restaurante-escola criado em parceria com o Gastronomia Periférica, um negócio social dentro do seu espaço que busca transformar vidas através da gastronomia. De acordo com os idealizadores, o espaço visa celebrar a educação de pessoas periféricas e promover sua inserção no universo gastronômico de forma justa e sustentável.

O restaurante recebe o nome “Via Satélite” porque as vias são a forma de interligação entre o Plano Piloto e as cidades satélites, de onde vem a maior força de trabalho do Distrito Federal. O presidente do Sindicato, Eduardo Araújo de Souza, conta que a ideia de criar o restaurante começou, em 2023, a partir do interesse do Sindicato em oferecer alimentação e qualidade para os sindicalizados e para a população de Brasília que costuma acessar o Teatro dos Bancários.

“Estávamos precisando aqui [no Sindicato] de um apoio logística para atender as pessoas que visitam o Teatro dos Bancários, e com essa ideia de formação de restaurante escola que pudesse atender mulheres da periferia, a gente trouxe essa ideia e construiu o restaurante”, explica o presidente do Sindicato sobre o Via Satélite.

Em São Paulo, Eduardo Araújo conheceu a escola da Gastronomia Periférica, o Da Quebrada, e entendeu que antes de um restaurante, era necessário investir em educação, criando o espaço educativo que começou a funcionar em Ceilândia, uma das maiores periferias do Brasil.

Com capacidade para 70 lugares, localizado na Asa Sul, o espaço funcionará de segunda a sexta-feira a partir o dia 12, das 8h às 16h30, com café da manhã e da tarde, com 3 itens, sendo 1 bebida, por até R$25,00. Além do almoço, com entrada, prato principal e sobremesa por até R$50,00. O cardápio é focado nos biomas brasileiros: Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga, Pampas e Cerrado, de maneira sazonal, respeitando o fluxo da natureza.

A co-criadora e gestora pedagógica da Gastronomia Periférica, Adélia Rodrigues, explica que a expectativa é valorizar a gastronomia em uma região construída por pessoas de outros estados. "Como Brasília é composta por pessoas que vieram de outros estados, quisemos exaltar não apenas uma única gastronomia, mas uma que abraçasse todos os biomas. Assim, o Via Satélite é pautado em biomas brasileiros", informa.


Prato "Combo Amazônia", servido nesta quinta-feira (8) / Foto: Rafaela Ferreira/Brasil de Fato DF

Gastronomia Periférica

Das 14 pessoas que compõem a equipe do restaurante escola, 12 são estagiários formados pela Gastronomia Periférica, liderados pela chef educadora Geane Cabral, também ex-aluna. A iniciativa é um negócio de impacto social, que tem como intuito causar transformação por meio da gastronomia com sede em São Paulo.

Adélia conta que o objetivo do Gastronomia Periférica é ser uma formação de cozinha que olhe para aproveitamento total do alimento, para pequeno produtor, e também para quem são os trabalhadores de dentro dessa cozinha. “A oferta dos cursos gratuitos é para mulheres pretas periféricas, a galera que está em situação de vulnerabilidade social, para que assim seja gerado uma autonomia financeira, que através da educação, ela consiga ali construir um outro caminho de projeto de vida”, explica.

Agora, por meio da parceria com o Sindicato, foi possível trazer o restaurante para o DF. Adélia conta que, primeiro, houve uma formação em Ceilândia, um lugar estratégico para concentrar de outras “cidades satélites”. “Essa formação deu super certo, a gente está com alunos estagiando no restaurante Via Satélite”, diz a co-criadora.

Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Márcia Silva