INICIATIVA

Primeiro restaurante popular de Belo Horizonte comemora 30 anos de impacto social

Ao todo, BH serviu mais de 2,5 milhões de refeições em seus quatro restaurantes populares em 2023

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Estabelecimento, administrado pela PBH, oferece três refeições diárias a um preço acessível - Foto: Lucas Wilker

Com 30 anos de construção de histórias e de aprendizados, o primeiro restaurante popular de Belo Horizonte completa 30 anos e segue alimentando milhares de pessoas na capital mineira. A unidade é a Hebert de Souza, que fica na avenida do Contorno, inaugurada na gestão de Patrus Ananias (PT).  O nome é uma homenagem ao sociólogo Betinho, ícone do combate à fome no país

“Se não fosse esse restaurante, teria muita gente passando fome. Eu saía de casa para vir almoçar aqui por causa da comida, que é bem feita. É melhor pagar R$ 3 aqui do que pagar R$ 20 lá fora e comer uma comida que não é boa. Aqui a comida é balanceada”, conta Antônio Lúcio Gomes, que mora em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (PBH), mas sempre almoça no restaurante. 

Em 2023, a política pública serviu mais de 2,5 milhões de refeições no restaurante e nas outras três unidades disponíveis na cidade, sendo mais de 740 mil pratos servidos à população em situação de rua, de acordo com informações da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Cerca de 10 mil refeições são servidas diariamente. 

O cuidado no preparo

Segundo a nutricionista da unidade Juliana Lamounier, as equipes têm cuidado redobrado com as questões higiênicas e sanitárias e com a qualidade das refeições que são produzidas. 

“Recebemos muitos feedbacks dos usuários em relação à segurança de se alimentar aqui no restaurante popular. Muitos deles chegam até nós agradecendo e falando que se sentem bem, que a comida causa bem-estar”, explica. 

Os cardápios são elaborados a partir de regras pré-definidas para cada porção do que é colocado nos pratos, com uma per capita da carne, do arroz, do feijão e dos vegetais. Essa padronização acontece porque, além de partir de estudos sobre os valores nutricionais, o cidadão que frequenta qualquer restaurante popular na cidade vai encontrar o mesmo cardápio. 

O chefe de cozinha da unidade, Vicente Soares de Souza, também chama a atenção para o cuidado na elaboração dos pratos. 

“A gente pensa na elaboração de pratos bem completos, que contemplem as principais refeições, que vão desde o feijão, arroz, a guarnição, a salada e a sobremesa. É um dos nossos princípios básicos”, relata.  

Estrutura que muda vidas 

O estabelecimento, administrado pela PBH, oferece três refeições diárias a um preço acessível. O café da manhã custa R$ 0,75, o almoço R$ 3,00 e o jantar R$ 1,50. Pessoas em situação de rua não precisam pagar e beneficiários do programa bolsa-família pagam metade do preço em todas as refeições. 

Para a cientista social Evelyn Lobão, a iniciativa serve também para mudança estrutural da sociedade. 

“Os 30 anos dessa política marcam uma mudança de paradigma provocada pela luta social. A gente para de pensar no fornecimento de refeições como uma tarefa relegada para as instituições de caridade. O poder público, a partir da pressão popular, assume essa tarefa, com controle de qualidade, para todos que necessitam, que estejam passando por situações de vulnerabilidade”, avalia. 

Histórias

As três décadas também marcaram a história de vida do casal formado por Cleuza Souza Coelho e Cornélio José Coelho.  Os dois já comemoraram o aniversário de casamento no lugar. 

“Fomos no popular da rua Ceará e, chegando lá, tinha uma festona, com banda de música e tudo, porque era o aniversário do restaurante. Eu aproveitei a festa e falei para comemorar meu aniversário de casamento. Foi o dia mais especial da minha vida”, alegra-se Cleuza, que mora no bairro Ribeiro de Abreu. 

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Ana Carolina Vasconcelos