No estado de Pernambuco há seis municípios com mais de 200 mil eleitores e que, portanto, podem ter disputa de 2º turno nas eleições deste ano caso nenhum dos candidatos supere os 50% dos votos válidos. Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Paulista, todas na região metropolitana da capital, além de Caruaru e Petrolina, no interior. Em algumas dessas cidades as pesquisas de intenção de voto sugerem que o pleito será liquidado já no dia 6 de outubro, enquanto noutras o futuro parece mais difícil de antecipar.
Um dos cenários mais “abertos” é o de Olinda. Na Marim dos Caetés, após 8 anos de Lupércio Nascimento (PSD), o prefeito tenta fazer sua sucessora Mirella Almeida (PSD), que foi sua secretária de Desenvolvimento e Inovação. Com a força de uma máquina municipal que mantém relações estreitas com lideranças comunitárias, a jovem surge como nome forte para estar no 2º turno.
Quem também chega forte é Vinicius Castello (PT), que conseguiu unir em torno de sua candidatura os partidos de esquerda da cidade. Castello terá em seu palanque Lula (PT), João Campos (PSB), a delegada Gleide Ângelo (PSB), a ex-prefeita Luciana Santos (PCdoB) e até o proprietário do Shopping Patteo, o empresário Celso Muniz. Apesar do histórico bolsonarista, Muniz se filiou ao PCdoB sem alarde e acabou como vice na chapa petista. Em 2020 o empresário ficou em 3º lugar na corrida pela prefeitura, obtendo 11,7 mil votos (6%).
A opositora Izabel Urquiza (PL) vem de seis derrotas eleitorais consecutivas, mas desta vez aposta na coesão do bolsonarismo no município para levá-la ao 2º turno da disputa. O ex-bolsonarista Antônio Campos (PRTB) não tem uma coalizão robusta, mas aposta principalmente no “sangue” familiar: os cartazes o colocam ao lado de seu irmão Eduardo Campos e do avô Miguel Arraes, falecidos, além de sua mãe Ana Arraes (ex-deputada federal e ex-ministra do TCU).
O cenário também está totalmente aberto na vizinha Paulista. O prefeito Yves Ribeiro (PT), em baixa com a população, alegou problemas de saúde e desistiu da reeleição. Pego de surpresa, o PT acabou por apoiar a candidatura de Francisco Padilha (PDT), que em 2020 teve 62 mil votos (42,5%) no 2º turno, derrotado justamente por Yves.
Mas o atual prefeito não seguiu o partido: correu para as asas da governadora tucana Raquel Lyra (PSDB) e tem reforçado, nos bastidores, a campanha de Ramos Santana (PSDB).
Um nome forte na cidade é o do ex-prefeito Junior Matuto (PSB), que governou de 2013 a 2020. Meses antes de concluir o mandato, foi afastado do cargo pela Justiça sob acusação de corrupção, num processo que acabou arquivado em 2022. Matuto chega para a disputa buscando “limpar” sua imagem, abalada pelas operações policiais. Na disputa da prefeitura, ainda participam a delegada Lívia Álvaro (PP) e o vereador bolsonarista Edson Pinto, o “Edinho” (PL).
Jaboatão e Caruaru
No segundo maior colégio eleitoral de Pernambuco, os jaboatonenses têm quatro opções e um cenário que indica 2º turno. À direita, o prefeito Mano Medeiros (PL) é o candidato oficial de Bolsonaro, mas ainda não assumiu. Ele tem a força da máquina municipal, mas tem contra si o desgaste de estar na gestão e o fato de ter chegado lá sem ser testado nas urnas, já que foi eleito como vice de Anderson Ferreira em 2020 e assumiu a prefeitura quando este partiu para disputar o Governo do Estado.
Mano deve ter embates com Clarissa Tércio (PP). Ambos são bolsonaristas optando pela discrição, num município em que o ex-presidente tem elevada rejeição nas camadas populares. Tércio e Mano disputam também a base evangélica, que é forte em Jaboatão. Daniel Alves (Avante) corre por fora e tenta repetir o bom desempenho de 2020, quando obteve 81,8 mil votos (30,7%).
Quem pode ter um caminho mais tranquilo para chegar ao 2º turno é o ex-prefeito Elias Gomes (PT). O ex-tucano tem a seu favor o recall de duas gestões à frente da prefeitura (2009 a 2016) e o único candidato do campo progressista no município, tendo em sua propaganda a força do presidente Lula (PT). Mas num provável 2º turno, as famílias Ferreira (padrinhos de Mano) e Tércio tendem a se unir.
Em Caruaru a disputa também é equilibrada. O prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) tem a máquina municipal nas mãos e conta com o apoio da governador Raquel Lyra (PSDB), sua madrinha política e principal liderança política caruaruense. Ele leva vantagem nas pesquisas de intenção de voto até o momento.
Seu principal adversário é Zé Queiroz (PDT), que conta com apoios do PT e PSB, além de ter conseguido desfalcar o time da governadora: nas últimas horas do período de convenções partidárias, Queiroz apertou a mão do ex-prefeito Tony Gel (MDB) e terá Tonynho (MDB) como vice. Até abril o jovem era presidente da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur), nomeado pela governadora tucana, que tentou colocá-lo como vice de Pinheiro.
Além de Tonynho (MDB), outros pré-candidatos também ficaram pelo caminho. O delegado Erick Lessa (PP), que teve 32,9 mil votos (19,2%) e ficou em 2º lugar na disputa de 2020, decidiu apoiar Queiroz e se candidatar a vereador. A deputada Rosa Amorim (PT), que tentou se viabilizar candidata, também está com Queiroz. O União Brasil (UB) de Raffiê Dellon também acabou por firmar apoio a Queiroz.
Com menores chances, mas na disputa por uma vaga no 2º turno de Caruaru, estão o professor e artista Armando Dantas, conhecido como Armandinho (Solidariedade); e a advogada popular Michele Santos (PSOL).
Recife e Petrolina
Na capital pernambucana as pesquisas de intenção de voto colocam o atual prefeito João Campos (PSB) variando entre 65% e 70% das intenções de voto. Além de ter a máquina pública em mãos, uma boa avaliação e a maioria dos vereadores, Campos integra o partido com maior penetração no estado, é herdeiro político de Eduardo Campos, fez as pazes com a prima Marília Arraes (Solidariedade) e terá o presidente Lula (PT) em seu palanque. O vento está soprando a seu favor.
Na oposição, tentando conquistar um 2º turno, estão três candidaturas da direita - Gilson Machado (PL), Daniel Coelho (PSD) e Técio Teles (Novo) - e outras três de esquerda - a deputada estadual Dani Portela (PSOL) e as sindicalistas Ludmila Outtes (UP) e Simone Fontana (PSTU).
Em Petrolina o prefeito Simão Durando (União Brasil) também desponta como franco favorito. Ele tem a máquina municipal, ampla maioria de vereadores, uma coligação ampla e, longe de ser menos importante, Simão tem o apoio da família Coelho, que domina a política na região há décadas.
Na oposição estão dois ex-prefeitos: Julio Lóssio (PSDB), que conta com o apoio da governadora Raquel Lyra, mas tem enfrentado problemas de saúde; e Odacy Amorim (PT), que tem tido dificuldade de converter para si o apoio da população a Lula. Além deles, na disputa estão ainda a jornalista bolsonarista Lara Cavalcanti (PL) e a estudante universitária Maria Clara (UP).
Limites de gastos - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou os limites de gastos para candidatos majoritários (prefeitos) e proporcionais (vereadores). No Recife, os candidatos à prefeitura podem gastar até R$9 milhões e 776 mil, enquanto um candidato a vereador pode investir R$1 milhão e 313 mil na campanha.
Já em Caruaru a campanha majoritária pode chegar a R$3 milhões e 875 mil, enquanto a proporcional tem teto de R$194 mil. Em Petrolina o candidato a prefeito tem limite de R$3 milhões e 39 mil, enquanto o candidato a vereador tem limite de R$170 mil. Esses gastos ficam abaixo apenas dos permitidos para o Recife, superando todas as demais cidades da região metropolitana.
Em Olinda o teto é de R$1 milhão e 879 mil para campanhas majoritárias e R$136 mil para vereadores. Em Jaboatão o limite é de R$1 milhão e 648 mil para quem disputa a prefeitura e R$180 mil para quem disputa a câmara municipal. E no Paulista os candidatos podem investir até R$1 milhão e 543 na campanha de prefeito e R$72 mil na corrida pela vereança.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vinícius Sobreira