HIPOCRISIA

No Senado, Randolfe ironiza Moro por dois pesos e duas medidas sobre Lula e Venezuela

Ex-juiz criticou inabilitação de venezuelana e foi lembrado de que uma decisão sua levou à inabilitação de Lula em 2018

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
O ex-juiz e atual senador, Sérgio Moro e o líder do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues, em sessão da Comissão de Relações Exteriores do Senado, nesta quinta-feira (15) - Roque de Sá - Agência Senado

Durante sessão na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, nesta quinta-feira (15), o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT- AP) ironizou o senador Sérgio Moro (UB - PR) que condenou a Venezuela por fazer o que ele próprio fez quando juiz de primeira instância. Moro criticou a inabilitação de Maria Corina Machado para concorrer às eleições presidenciais na Venezuela, mas sua condenação de Lula em 2018 abriu caminho para que ele não concorresse naquele pleito. 

"Queria cumprimentar um colega de oposição que não está aqui mais, o Senador Moro, porque eu vi do senador Moro aqui, a posição dele de rechaçar, de denunciar o Judiciário do regime venezuelano por impedir opositores de concorrer nas eleições. É uma evolução e tanto. Então valeu muito essa audiência”, ironizou Rodrigues.  

O senador Humberto Costa (PT-PE) também criticou a falta de "autoridade política" da extrema direita para criticar quem quer que seja. “Em 2018, o atual presidente da República foi impedido de disputar uma eleição que ele venceria por causa de um lawfare praticado no Brasil, seja lá em Curitiba, por um juiz de primeira instância, seja pelo próprio Supremo Tribunal Federal. Então carece de autoridade política para falar sobre esse tema, para criticar quem quer que seja”, lembrou Costa.  

A sessão desta quinta foi convocada para ouvir o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, sobre a crise eleitoral na Venezuela. Ele afirmou que Brasil não dará prazo à Venezuela, mas aguarda as atas eleitorais para um desfecho da atual crise. O ex-ministro disse ainda que caso as atas não apareçam, o governo brasileiro não vai reconhecer o resultado das eleições.

"Eu gostaria de saber de vossa excelência, diante de tudo o que aconteceu desde então, inabilitação arbitrária da líder da oposição, Maria Corina Machado, entende que o acordo de Barbados foi cumprido”, questionou Moro.  

Na Venezuela, Maria Corina Machado está inabilitada desde janeiro por um período de 15 anos, por inconsistências na declaração de bens à Assembleia Nacional enquanto era deputada e por aceitar representar um outro país, no caso o Panamá, na Organização de Estados Americanos (OEA), o que é vedado pela Constituição venezuelana.

Lula foi condenado pelo então juiz de primeira instância às vésperas das eleições presidenciais de 2018 pela suposta aquisição de um triplex na cidade do Guarujá, cuja propriedade jamais foi comprovada pelo Ministério Público. 

O presidente ficou mais de 500 dias preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e chegou a ser impedido, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de conceder entrevistas durante o período eleitoral, em que teve que ser substituído por Fernando Haddad. Após as eleições, Sérgio Moro se tornou ministro da Justiça do governo eleito de Jair Bolsonaro (PL).
 

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Clique na imagem para acompanhar a cobertura completa / Rafael Canoba/Brasil de Fato

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho