Começou

Candidatos e candidatas da cidade de São Paulo vão das ruas às igrejas no primeiro dia de campanha

Troca de farpas, promessas, críticas e atrasos marcam o início oficial da corrida pela prefeitura da capital paulista

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Guilherme Boulos (à esquerda) e Ricardo Nunes (à direita) disputam a liderança nas pesquisas - Nelson Almeida/AFP/Lucas Ribeiro/Prefeitura de São Paulo

Esta sexta-feira (16), primeiro dia oficial de campanha eleitoral para a prefeitura de São Paulo (SP) em 2024, foi marcado por encontros com eleitores e eleitoras nas ruas, visitas, troca de farpas e até atrasos.  

Guilherme Boulos (Psol), que aparece à frente em diversas pesquisas eleitorais e disputa a liderança na intenção de votos com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), iniciou as atividades no Campo Limpo, bairro em que vive na zona sul da capital paulista.  

Acompanhado de sua candidata a vice, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), Boulos tomou café da manhã em casa e saiu para uma caminhada pelo comércio local. Ele criticou Nunes e Pablo Marçal (PRTB). 

"Esses 50 dias vão ser de uma campanha dura. Os nossos adversários têm a máquina, usam de fake news, mas eles não têm brilho no olho e consciência tranquila", disse. O candidato do Psol também realizou atos no centro da cidade e na zona leste, reforçando a estratégia de priorizar as periferias e o contato direto com a população. 

À tarde, Boulos e Marta participaram de uma nova caminhada, desta vez, no centro da cidade, com início no Teatro Municipal. O trajeto passou pelo Viaduto do Chá e terminou na Praça da Sé. 

Quando questionado sobre possíveis mudanças em sua estratégia de campanha em resposta às investidas agressivas de Marçal, Boulos foi enfático: "quem quer rolar na lama, ficar fazendo gracinha, que faça sozinho. Eu quero ser prefeito de São Paulo, não quero ser especialista em internet. Nós estamos disputando uma eleição e não concurso de engajamento".  

Já o atual prefeito optou por repetir um ato do antecessor Bruno Covas (PSDB) e iniciou a campanha à reeleição com uma missa na Catedral de Santo Amaro, na zona sul. Nunes estava acompanhado de sua esposa, Regina, e do candidato a vice, Ricardo de Mello Araújo (PL). 

A escolha do local reforça a estratégia de afastar a imagem do bolsonarismo e enfatizar a ideia de continuidade ao trabalho de Covas, que faleceu devido a um câncer em 2021.  

Após a missa, Nunes respondeu a declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro, que havia afirmado que o emedebista "não é o candidato dos sonhos". O prefeito minimizou a fala, dizendo: "a gente não está vivendo de sonho, a gente está vivendo de realidade. Sonho é para outro candidato". 

Nunes também criticou Marçal, afirmando que eleição "não é Pico dos Marins", em referência à polêmica expedição liderada pelo ex-coach. Na ocasião, mais de 30 pessoas tiveram que ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros. 

No segundo compromisso do dia, ele realizou uma caminhada no centro da cidade, iniciando na rua 15 de Novembro. A caminhada teve que ser interrompida brevemente devido à proximidade com o ato de Boulos na mesma região. 

Tabata Amaral (PSB) escolheu a Brasilândia, na zona norte, para o ato inicial de sua campanha. A deputada federal visitou a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Senador Milton Campos, uma das que tem a pior nota da capital no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). 

Acompanhada por sua candidata a vice, Lúcia França (PSB), Tabata prometeu tornar a escola "uma das 50 melhores da cidade", com 100% dos alunos matriculados em tempo integral até o fim de um futuro eventual mandato. 

A candidata criticou a gestão atual, destacando que a nota média da cidade no Ideb recuou em relação ao período da pandemia e as indicações políticas nas diretorias de ensino. 

Depois, ela visitou uma confecção de roupas no Pari, também na zona norte. A deputada elogiou Marta pela criação dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) quando esteve à frente da prefeitura e destacou que vai dar continuidade e ampliar iniciativas bem-sucedidas.  

Atraso dos candidatos

Em sua primeira campanha eleitoral após três décadas como jornalista, o apresentador José Luiz Datena (PSDB), saiu da capital. Ele visitou o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, a 180 quilômetros de São Paulo. 

Ele chegou com mais de uma hora de atraso em relação ao horário inicialmente programado e a visita foi breve, durando cerca de vinte minutos. O candidato fez uma oração, cumprimentou apoiadores e recebeu uma medalha de Nossa Senhora de presente de uma vendedora local.  

A escolha de iniciar a campanha fora da capital e o breve tempo dedicado ao evento geraram especulações sobre a estratégia do candidato, que já havia despertado desconfiança em correligionários por abandonar quatro candidaturas anteriormente. 

Pablo Marçal (PRTB) também se atrasou para o primeiro ato da campanha oficial. Ele chegou com mais de duas horas de atraso para uma visita à Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo.  

A demora foi atribuída a uma "reunião política" pelo presidente do partido. Marçal realizou uma caminhada pela região, tirando fotos com moradores e distribuindo adesivos, inclusive para crianças de uma escola próxima.  

Durante o ato, ele negou incitar brigas em debates e minimizou sua falta de experiência política. "Não tenho experiência, mas eu gero mais emprego, mais imposto e ajudo mais gente". 

O candidato também tentou associar sua imagem a de Bolsonaro, repostando em suas redes sociais um trecho de entrevista em que o ex-presidente faz elogios a ele.  

Edição: Martina Medina