CRISE ALIMENTAR

Sob Milei, indicadores econômicos continuam caindo na Argentina: comércio tem retração de 10% em julho

Preços de produtos da cesta básica aumentaram 2,1% no último mês, acumulando alta de 237,2% desde julho de 2023

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Pessoas em situação de rua na Argentina - ALESSIA MACCIONI / AFP

Em menos de um ano do início da gestão Milei na Argentina, a economia continua piorando e as condições de vida da população se deteriorando, segundo indicadores. O consumo retraiu 10,6% em julho, revelam dados da consultora Focus Market divulgados nesta sexta-feira (16).

A inflação acumulada em julho foi de 263,4%, segundo informe do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec) na última quarta-feira (14). Os preços da cesta básica de consumo, que inclui produtos alimentícios, bebidas e produtos de limpeza, aumentaram 2,1% no último mês, acumulando alta de 237,2% desde julho de 2023.

Apesar da queda nas vendas, o faturamento das empresas nos últimos 12 meses aumentou 5,1% (descontando a inflação) e acumulou uma variação positiva de 191,4%.

A análise da consultora ainda informa que, nos comércios argentinos, há uma abundância de promoções, ofertas e descontos como estratégias para movimentar os produtos armazenados, com eventuais reduções de preços nos produtos de congelados, higiene e cuidados e itens para casa. Esta ação surgiu como resposta ao grande aumento de preços decididos por oligopólios de empresas de consumo em massa, além da queda constante do salário e do poder aquisitivo.

Crise alimentar na Argentina

Esta semana a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) lançou uma campanha para mitigar a crise alimentar que afeta crianças argentinas. De acordo com dados da Oitava Pesquisa Rápida conduzida pelo órgão, 1,5 milhão de jovens não fazem as quatro refeições diárias.

O levantamento indica que 4,5 milhões de adultos argentinos deixam de comer durante o dia para que suas crianças possam se alimentar. Embora a crise que assola o país já tenha mais de uma década, nos últimos meses - principalmente com o governo ultraliberal de Javier Milei - a situação tem se deteriorado: somente neste ano, 15% dos chefes de família perderam seus empregos. O estudo da Unicef ainda diz que 48% das famílias com crianças não têm renda suficiente para cobrir as despesas mensais.

Na semana passada, o Observatório da Dívida Social Argentina, pertencente à Universidade Católica (UCA), informou que 55% da população está em situação de pobreza, enquanto 1 em cada 5 argentinos não tem o suficiente para comer.

Recessão econômica

Além disso, entre novembro de 2023 e abril de 2024 o setor privado argentino demitiu cerca de 177 mil funcionários, segundo relatório do Centro de Estudos de Política Econômica (Cepa). O levantamento indica como causas a recessão econômica profunda no governo ultraliberal de Javier Milei e a consequente queda do consumo.

A recessão econômica argentina é grave. No primeiro trimestre de 2024, o país registrou contração de 5,1% no PIB e taxa de desemprego de 7,7%, um salto em relação aos 5,7% registrados no último trimestre de 2023. A expectativa para o ano de 2024 é que o PIB do país diminua em -3,6%, o pior desempenho entre as nações da América Latina, segundo dados do relatório anual da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe 

*Com Tiempo Argentino

Edição: Rodrigo Durão Coelho