14º dia de combates

Com ofensiva em Kursk, Ucrânia quer criar 'zona tampão' em território russo

Objetivo foi exposto pelo presidente ucraniano no domingo; operação chega ao 14º dia com intensos combates na fronteira

Brasil de Fato | São Petersburgo (Rússia) |
Imagem de tanque russo destruído fora da cidade russa de Sudzha, na região de Kursk, em meio à incursão ucraniana no território russo, em 16 de agosto de 2024 - Yan Dobronosov/AFP

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que um dos objetivos da operação das Forças Armadas da Ucrânia na região de Kursk é "criar uma zona tampão" em território russo. A declaração foi feita no último domingo (18) em uma mensagem por vídeo nas redes sociais do líder ucraniano.

"A principal tarefa de nossas ações defensivas é destruir o máximo possível do potencial russo e do potencial de guerra e realizar o máximo trabalho de contra-ataque. Em particular, isto é justamente a criação de uma zona tampão no território do agressor - nossa operação na região de Kursk", disse ele.

Zelensky também aproveitou para fazer um apelo para que os aliados de Kiev acelerem o fornecimento de ajuda militar. "A guerra não tem férias. São necessárias soluções, é necessária uma logística oportuna dos pacotes anunciados. Apelo agora especialmente aos Estados Unidos, à Grã-Bretanha e à França", acrescentou.

Anteriormente, o termo "zona sanitária" ou "zona tampão", que pressupõe a criação de um cordão de segurança para evitar novos ataques, foi usado pelo presidente russo, Vladimir Putin, no contexto da ofensiva das Forças Armadas da Rússia na região de Kharkov. Na ocasião, ele afirmou que os militares russos precisavam criar tal zona para proteger o território do país dos bombardeios das Forças Armadas Ucranianas. Agora, é a Ucrânia que busca adotar tal estratégia para evitar ataques russos pela fronteira de Kursk. 

Os combates nas zonas fronteiriças da região de Kursk continuam desde o dia 6 de agosto, quando a Ucrânia iniciou uma incursão sem precedentes no território russo, assumindo o controle de dezenas de assentamentos. É a maior incursão militar de um exército regular em território russo desde a Segunda Guerra Mundial. O comando militar ucraniano alega que chegou a controlar 82 assentamentos. 

Por outro lado, a estimativa russa oficial, segundo o governador de Kursk, Alexey Smirnov, é de que 28 assentamentos estavam sob o controle de Kiev até 12 de agosto. Moscou afirma ter controlado os avanços de Kiev e o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a Ucrânia receberá uma "resposta digna". 

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, em toda a operação na região de Kursk o lado ucraniano perdeu cerca de 3,8 mil militares, 54 tanques, 26 veículos de combate de infantaria e 48 veículos blindados de transporte de pessoal. 

Na última quinta-feira (15), as tropas ucranianas anunciaram a captura da cidade de Sudzha, localizada a 10 km da fronteira russo-ucraniana. Trata-se do maior assentamento ocupado pelas forças ucranianas desde o início da ofensiva. 

De acordo com o Ministério para Situações de Emergência da Rússia, mais de 120 mil civis foram evacuados da região de Kursk. Cerca de 10 mil deles, incluindo 3 mil crianças, estão alojados em 171 centros de alojamento temporário em todo o país.

A incursão ucraniana e os confrontos não alcançaram a cidade de Kursk, capital da região de mesmo nome, que fica a cerca de 150km da fronteira com a Ucrânia. 

Edição: Lucas Estanislau