Cientista política vinculada aos movimentos populares, professor, delegada, ex-secretária do governo de Romeu Zema (Novo) e radialista: você conhece os candidatos e candidatas ao cargo de vice-prefeito em Belo Horizonte?
A cada quatro anos, a população do município manifesta sua preferência política e elege quem irá conduzir a cidade no período seguinte. Nas eleições majoritárias, não é raro o eleitor definir o voto sem conhecer as pessoas que se candidatam a vice. Em casos de falecimento, adoecimento, impedimento ou abandono do cargo, porém, é o vice quem assume a chefia do executivo.
O atual prefeito da capital mineira, Fuad Noman (PSD), assumiu o cargo após Alexandre Kalil sair da prefeitura para concorrer ao governo do estado. Já em São Paulo, por exemplo, com a morte de Bruno Covas, Ricardo Nunes (MDB) tornou-se prefeito.
O professor de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Juarez Guimarães destaca que analisar por completo as chapas concorrentes é fundamental. Ele também explica que a definição do voto não é simples, já que, durante as campanhas, o eleitor é confrontado com um conjunto de trajetórias individuais, que, na avaliação do professor, muitas vezes não são coerentes.
“Mas três perguntas podem ajudar: qual é o grau de coerência e sentido político que existe entre aquele(a) candidato(a) a prefeito(a) e o vice-prefeito(a)?; a candidatura a vice agrega alguma experiência, interlocução, valor político ou agenda política para candidatura daquele que está na cabeça da chapa?; quais são as trajetórias dos dois membros da chapa e quais valores eles defendem?”, elenca.
Juarez Guimarães também enfatiza que outro fator importante a se considerar são os partidos que compõem as chapas, ainda que o sistema eleitoral brasileiro dê privilégio ao voto em indivíduos.
“A chapa de candidatos majoritários não é apenas quem a encabeça. Por isso, é importante ser entendida e analisada. No sistema eleitoral brasileiro, como se sabe, se vota em indivíduos e não em partidos. Isso torna a escolha do eleitor mais difícil de ser formulada, porque em muitos casos, as trajetórias individuais se movem de forma oportunista entre diferentes formações partidárias”, comenta.
“O fato de não votarmos em listas partidárias é contrário ao princípio democrático e é uma exceção em relação à maioria dos sistemas eleitorais nas democracias. A representação por indivíduos também dificulta a representação política. Nas experiências onde se vota em partidos, é permitido, por exemplo, o estabelecimento de cotas prioritárias e representações étnicas, de gênero e social”, complementa.
Para ajudar o eleitor, o Brasil de Fato MG destaca nesta matéria um pouco da trajetória dos vices das chapas que melhor têm pontuado nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de Belo Horizonte.
Confira:
Bella Gonçalves (Psol)
Cientista política e doutora pela UFMG, Bella Gonçalves é a vice de Rogério Correia (PT). Ela já foi vereadora de Belo Horizonte e, atualmente, ocupa uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Sua trajetória é vinculada aos movimentos populares, com os quais começou a atuar ainda na juventude. Direito à cidade, melhorias na mobilidade urbana, direito à moradia, combate à violência contra as mulheres e as populações LGBTI+ são algumas das pautas defendidas por Bella Gonçalves.
Como deputada estadual, ela é ativa nas lutas contra a mineração na Serra do Curral e propositora do projeto de lei que institui o programa das cozinhas solidárias em Minas Gerais, que busca reduzir os índices de insegurança alimentar no estado. Gonçalves ainda é autora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Estado que determinou a gratuidade no transporte em dias de eleições, entre outros.
Luísa Barreto (Novo)
A vice de Mauro Tramonte (Republicanos), Luísa Barreto (Novo), é formada em políticas públicas pela Fundação João Pinheiro. Ela ocupava o cargo de Secretária de Estado, Planejamento e Gestão do governo de Romeu Zema (Novo) até junho deste ano, quando foi exonerada para disputar a prefeitura da capital mineira.
Durante o período em que esteve no governo de Minas, Luísa protagonizou um conjunto de embates com as categorias do funcionalismo público, que, desde o primeiro mandato de Zema, denunciam que a gestão retira direitos e não valoriza os profissionais.
Em 2020, Luísa Barreto foi candidata a prefeita pelo PSDB, partido do qual fazia parte, e ficou na 7ª posição. Em 2018, foi uma das coordenadoras de campanha de Antonio Anastasia.
Coronel Cláudia (PL)
Do mesmo partido que o seu companheiro de chapa, Coronel Cláudia é a vice do bolsonarista Bruno Engler (PL). Ela é formada em direito pela UFMG e coronel da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), conhecida na capital mineira pela atuação na Copa das Confederações, em 2013.
Em diversas ocasiões, foi responsável pela prisão de manifestantes em protestos. Durante as jornadas de junho de 2013, jovens que participavam das manifestações chegaram a fazer uma paródia musical sobre a coronel: “Ela não ama, ela é polícia. Joga bomba e é oportunista”.
Nas redes sociais, ela também se apresenta como uma das fundadoras do grupo “guardiões da infância e da juventude”.
Francisco Foureaux (PDT)
O professor de história Francisco Foureaux (PDT) é o vice de Duda Salabert, do mesmo partido. Lecionando há 25 anos, ele deu aula em escolas públicas e particulares da capital mineira, cursos pré-vestibulares, na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais e na Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Francisco também possui mestrado em administração e é pesquisador sobre mobilidade e educação. Um dos estudos desenvolvidos por ele na UFMG é sobre a história da mobilidade urbana.
Na trajetória militante, ele já fez parte do movimento Tarifa Zero e da Assembleia Popular Horizontal nas jornadas de 2013. Atualmente, é membro do Observatório de Mobilidade Urbana.
Álvaro Damião (União Brasil)
O vice do candidato à reeleição Fuad Noman (PSD) é o repórter e radialista Álvaro Damião (União Brasil). Ele também está em segundo mandato como vereador. Em julho de 2022, ele votou contra um projeto de lei de autoria de Bella Gonçalves e Iza Lourença, ambas do Psol, que instituia o Dia Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política.
Álvaro também é fundador do Instituto Bacana Demais, que atua com crianças, adolescentes e idosos.
Renata Rosa (Podemos)
Em meio a um impasse entre Carlos Viana (Podemos) e seu partido, a Justiça Eleitoral determinou que o candidato inclua a candidata a vice Renata Rosa (Podemos) em seus materiais de campanha. Ela foi o nome escolhido pelo presidente do Podemos. Porém, Viana queria a indicação de outra pessoa.
Renata Rosa é ativista pelos direitos das pessoas com deficiência. Mesmo com o registro dela no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Viana afirma que o nome da vice será outro.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Elis Almeida