Bancários foram agredidos com arma de choque, cassetete e spray de pimenta pela Polícia Militar (PM) de São Paulo durante um protesto contra a terceirização realizado na manhã desta quinta-feira (22) em frente à sede administrativa do banco Santander.
Acionados pela direção do banco espanhol, os policiais agrediram trabalhadores com cassetetes, fazendo com que alguns caíssem no chão, empurraram o advogado do sindicato e deram choques de taser no deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT).
"A direção do Santander foi covarde. O banco é o principal responsável por essa atitude horrorosa de agressividade e truculência, que nós nunca tínhamos visto aqui", declarou Lucimara Malaquias, secretária geral do Sindicato dos Bancários e funcionária do banco espanhol.
"A polícia agiu de forma muito violenta e o banco, na sua omissão, contribuiu para que trabalhadores fossem machucados. O Santander terá uma resposta à altura, não vamos recuar", afirmou Malaquias.
A manifestação, pelo dia nacional de luta da categoria, integra uma campanha dos bancários pelo fim das terceirizações e por ajuste salarial. Nesta quinta (22) em São Paulo os trabalhadores tinham a intenção de fazer uma paralisação parcial de duas horas e um protesto pacífico no Radar Santander, no bairro de Santo Amaro.
Ao Brasil de Fato, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) informou que um homem foi detido durante a manifestação "após agredir policiais militares". De acordo com o Sindicato dos Bancários, ele já foi liberado.
"Os PMs foram acionados para garantir o direito de ir e vir dos funcionários de uma instituição bancária que estavam sendo proibidos de entrar no local de trabalho", disse a secretaria do governo estadual, em nota.
"Ao realizarem a escolta dos funcionários, os PMs foram hostilizados sendo necessário o uso de técnicas de controle de distúrbios para conter os manifestantes. O agressor e um advogado foram conduzidos à delegacia para o registro da ocorrência", informou a SSP-SP.
Categoria quer barrar crescimento da terceirização
"No setor bancário, entre 2012 e 2022 nós tivemos 79.500 postos de trabalho extintos e o Santander é o banco que mais terceiriza", destacou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, em entrevista ao Central do Brasil.
Segundo Ribeiro, que integra o Comando Nacional dos Bancários, nos últimos anos o Santander criou seis empresas com diferentes CNPJs: STI, SX, Santander Corretora, F1RST, Prospera e SX Tools.
"É para tirar os bancários do contrato da Convenção Nacional dos Bancários, que estamos negociando agora. E para submetê-los a outros acordos, com os trabalhadores mais precarizados", avalia.
"Isso é algo que nossa categoria não aceita. E está lutando contra essa prática", ressaltou Neiva Ribeiro no programa diário do Brasil de Fato. "Estamos há dois meses negociando e até agora não veio nenhuma proposta decente", completou, se referindo ao acordo coletivo.
A reportagem entrou em contato com o Santander pedindo um posicionamento a respeito da repressão e também das reivindicações dos bancários. Em nota, o banco afirmou que "respeita todas as manifestações democráticas e preza pela garantia da segurança de seus colaboradores e o entorno".
Assista aqui a entrevista da presidenta do Sindicato dos Bancários SP no Central do Brasil:
Edição: Thalita Pires