jogo político

Boulos cola em Lula e marca distância em relação a Marçal e Nunes no 1º comício em São Paulo (SP)

Evento é a estreia do presidente na campanha do candidato do Psol à prefeitura da capital paulista

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Além de Lula, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, também falou no primeiro comício de Boulos após início da campanha eleitoral - Pedro Stropasolas/Brasil de Fato

No primeiro comício ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o candidato do Psol à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, destacou o apoio do petista e endereçou recados para o adversário Pablo Marçal (PRTB).

“Vocês sabem qual é a diferença de nós para eles. Do lado de lá temos um candidato que acredita que o morador da periferia tem que ser tratado do candidato do [bairro] Jardins [em referência ao candidato a vice de Nunes, o coronel Mello Araújo]. A gente vai fazer com que os moradores daqui sejam tratados com o mesmo respeito que o morador dos Jardins”, afirmou Boulos durante o evento, na manhã deste sábado (24), no Campo Limpo, zona sul da capital. 

"A gente tem o candidato que ganhou a vida dando golpe em aposentado [citando Pablo Marçal]. Aqui a gente tem um candidato que trabalhou como professor", discursou o psolista.

O candidato também disse que Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito e candidato à reeleição, e Marçal representam "o pior da política brasileira", em referência ao bolsonarismo. "Aquele que a gente derrotou com o presidente Lula há dois anos. Aqui a gente tem o melhor presidente da história, que vai fazer muita parceria com a Prefeitura de São Paulo. Há dois anos a gente derrotou o coisa ruim. Hoje a gente vai derrotar as duas faces do bolsonarismo em São Paulo", disse Boulos ao se dirigir a Lula. 

Enquanto marcava distância em relação aos seus principais adversários, Boulos fez questão de destacar a sua proximidade com Lula. Para angariar eleitores, a estratégia da campanha aposta principalmente na conversão de votos que foram para o presidente em 2022 para o psolista agora em 2024.  

“A gente tem legado nessa cidade. E é essa história que vai ser continuada com o quarto governo popular da história da cidade de São Paulo”, falou fazendo referência às gestões de Luiza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad, todos do PT. 

“O presidente que mudou a história desse país. O presidente que mandou gente pobre e preta para a universidade. É com esse presidente que a gente caminha”, afirmou. E repetindo o bordão de Lula, concluiu: “eu quero ganhar essa eleição para botar a periferia no orçamento”. 

Voto em quem tem história

A tônica sobre o voto em quem “tem história” contra o voto “no digital”, numa referência a Pablo Marçal, cuja estratégia de campanha é o conteúdo nas redes sociais, foi repetida por Lula e por sua ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

O petista defendeu que as eleições municipais deste ano colocam “em jogo a democracia” no Brasil e que o eleitorado deve fugir daqueles que recusam ser classificados como políticos, de novo, numa referência a Marçal. 

“A raposa pode até ser simpática. Mas se colocar a raposa no galinheiro, não vai ter nem raposa, nem galinha. Eu estou vendo algumas pessoas dizerem que não são da política, ‘vote em mim que não sou da política’. Jânio Quadros dizia isso e só durou seis meses na política. Collor disse isso e durou dois anos. O que precisamos é votar no Boulos porque ele é da política, porque ele tem partido e compromisso”, falou Lula se dirigindo principalmente ao candidato. 

“A gente não está apoiando Boulos por favor. A gente está apoiando Boulos porque a gente precisa do mais competente na cidade de São Paulo. Por isso estou aqui como presidente da República. Você vai ver o quanto de parceria a gente vai construir entre os poderes federal e municipal”, completou. 

“Boulos, conte comigo. Aquilo que eu puder fazer fora do meu horário da Presidência, eu vou fazer. Você tem que cuidar de São Paulo do jeito que você cuida da sua família”, concluiu.  

"Política pela agressividade"

Marina Silva, por sua vez, dedicou mais tempo a falar sobre o “voto no digital” e aconselhou Boulos a não cair na tentação de entrar “no jogo daqueles que só sabem fazer política pela agressividade”. No último debate entre os candidatos, Boulos tentou retirar uma carteira de trabalho da mão de Marçal, após ser provocado pelo candidato do PRTB. 

“Nós até já caímos num passado bem recente nesse tipo de arapuca. Essas pessoas ficam na lógica da desqualificação, ou seja, em vez de discutir o que é bom para São Paulo, fica com a estratégia de destruir adversários. Eu nunca vi alguém ter como objetivo apenas derrotar o adversário. São Paulo não merece isso”, lamentou a ministra do governo Lula. 

Citando um trecho bíblico, Silva, que é evangélica, disse: “por que gastar dinheiro naquilo que não é pão? Não é pão a mentira, a agressividade, o deboche, dizer coisas toscas só para ganhar likes em redes sociais”. 

Corrida pela prefeitura 

Conforme a última pesquisa do Datafolha, divulgada na tarde desta quinta-feira (22), Boulos segue na liderança das intenções de voto em São Paulo, com 23%, seguido por Marçal, que tem 21%, e pelo atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que soma 19%. Os três estão empatados tecnicamente, já que a margem de erro é de 3% para mais ou para menos. 

O destaque foi para o coach, que cresceu sete pontos percentuais desde a pesquisa do Datafolha anterior, divulgada no começo de agosto, e deixou para trás o apresentador José Luiz Datena. Boulos subiu um ponto, e Ricardo Nunes caiu quatro pontos. 

Agora, Datena soma 10%, à frente de Tabata Amaral (PSB), com 8%, e Marina Helena (Novo), que está com 4%. João Pimenta (PCO), que está com 1%, Altino Prazeres (PSTU) e Ricardo Senese (UP), que não pontuaram, fecham a relação de candidatos. 

Edição: Geisa Marques