Faltou de novo?

Candidato da oposição falta à convocação do Ministério Público pela segunda vez na Venezuela

Procurador-geral afirmou que fará uma terceira convocação para ouvir Edmundo González sobre publicação das atas

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
A líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado, acompanhada pelo candidato Edmundo Gonzalez Urrutia em Caracas, em 29 de julho de 2024 - Federico PARRA / AFP

O ex-candidato à presidente da Venezuela pela Plataforma Unitária, Edmundo González Urrutia, faltou pela segunda vez nesta terça-feira (27) à convocação do Ministério Público para prestar esclarecimentos. Ele é investigado pela publicação de supostas atas eleitorais que teriam sido recolhidas no dia das eleições presidenciais pela oposição. 

González foi convocado para prestar esclarecimentos na segunda-feira (26) e na terça. Ele não se apresentou em nenhum dos dois dias. O ex-candidato já havia publicado um vídeo nas redes sociais afirmando que não prestaria esclarecimentos ao MP. Ele alega que o Ministério Público não explicou as condições para o depoimento e investiga delitos não cometidos. Em seu vídeo, ele voltou a pedir uma “verificação internacional independente das atas” e uma transição de governo “pacífica”. 

O procurador-geral da República, Tarek William Saab, determinou que um setor do Ministério Público responsável por crimes digitais ficaria responsável por essa investigação. Nesta quarta-feira, ele afirmou que será feita uma terceira convocação a Edmundo González para prestar esclarecimento.

A convocação foi feita para que o ex-candidato explicasse a divulgação de cerca de 25 mil atas eleitorais em dois sites. Em um deles, o usuário digitava o seu documento de identidade e aparecia supostamente a ata eleitoral da mesa que aquele usuário votou. No outro, havia um compilado com os dados de todas as atas que a oposição afirmava ter. A extrema direita, no entanto, não levou essas atas à Justiça quando foi aberto o processo de investigação das eleições. 

O governo afirma que as atas apresentam inconsistências: números improváveis, assinaturas parecidas e atas ilegíveis foram alguns dos argumentos usados para apresentar indícios dessa falsificação.

Depois da alegação de fraude nas eleições pela oposição e da denúncia de um ataque hacker pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), O presidente Nicolás Maduro pediu uma investigação pela Justiça. O TSJ apurou os supostos ataques, recolheu todo o material eleitoral do órgão e ouviu nove dos dez candidatos que disputaram o pleito. Só o opositor Edmundo González Urrutia não compareceu.

Em seu lugar, o ex-embaixador enviou como representante o governador de Zulia, Manuel Rosales. Ele deu um discurso depois da oitiva afirmando que a oposição "não precisa entregar nada" e exigindo a apresentação das atas eleitorais pelo CNE.

Depois de comparar as atas eleitorais com o resultado coletado pelo sistema eletrônico, a Justiça validou a vitória de Nicolás Maduro e confirmou a existência dos ataques hackers, mas exigiu que o CNE publicasse os resultados desagregados. O órgão eleitoral respondeu em comunicado nesta segunda-feira (26) afirmando que publicaria dentro do prazo de 30 dias depois que Maduro foi referendado pelo CNE, em ato realizado em 29 de julho.

Edição: Rodrigo Durão Coelho