A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou nesta quarta-feira (28) que, tendo em vista "a forma com que as Forças Armadas Ucranianas operam na região de Kursk", Moscou desconsidera qualquer possibilidade de negociações com Kiev.
A diplomata acusou "militantes ucranianos e mercenários estrangeiros" de "cometer atrocidades, disparar contra civis e voluntários" na região de Kursk. Ainda segundo a porta-voz, a área fronteiriça russa vem sendo sofrendo com ameaças contra instalações de energia nuclear e ataques a infra-estruturas civis e jornalistas. "Que tipo de negociações de paz existem nessas condições e com quem podem ser realizadas?", completou Zakharova.
Anteriormente, o presidente russo, Vladimir Putin, havia já declarado que seria impossível falar sobre negociações quando há ataques a infra-estruturas civis em território russo.
A posição da diplomacia russa explicita como a investida ucraniana em território russo, iniciada em 6 de agosto, torna ainda mais distantes quaisquer perspectivas de diálogo e resolução do conflito, sobretudo diante da posição de Kiev, que não dá sinais de que vai recuar dos territórios fronteiriços ocupados.
Na última terça-feira (27), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que, nesta fase do conflito, não faz sentido pensar em diálogo com o presidente russo, Vladimir Putin, não faz sentido, "uma vez que ele não quer acabar com a guerra que iniciou diplomaticamente em termos que sejam justos para a Ucrânia".
:: Putin reforça disposição da Rússia para terminar guerra da Ucrânia 'imediatamente' ::
Em meados de junho, Putin afirmou que que se a Ucrânia retirasse as suas tropas das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhye, anexadas pela Rússia durante a guerra, e recusar os planos de entrar na Otan, Moscou adotaria "imediatamente um cessar-fogo" e iniciará negociações sobre a guerra da Ucrânia.
Na coletiva dei imprensa da última terça-feira (27), Zelensky disse que operação ofensiva das Forças Armadas Ucranianas na região de Kursk é "um dos pontos do plano elaborado por Kiev para a vitória na guerra desencadeada pela Rússia".
O líder ucraniano disse acreditar que a "operação Kursk" foi bem sucedida porque impediu a ocupação da região de Kharkov por parte da Rússia e também impediu a ofensiva russa nas regiões de Chernigov e Sumy, no norte da Ucrânia.
Moscou, por sua vez, alega que a incursão em Kursk não afetou a ofensiva das tropas russas na regiões de Donbass, onde a Rússia vem conquistando avanços graduais desde o fim de 2023.
Edição: Rodrigo Durão Coelho