América Latina

Caravana encaminhará relatório sobre avanço de paramilitares ao governo colombiano

Texto pede novas políticas para comunidades rurais; iniciativa envolveu mais de 100 entidades

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Indígenas colombianos protestam contra o governo pelo aumento da violência em seus territórios e exigem garantias de seus direitos em Bogotá, em 21 de agosto de 2024 - Andrea ARIZA / AFP

Durante mais de quatro semanas, a Caravana pela Paz, a Vida e a Permanência no Território percorreu a Colômbia com o objetivo de dialogar com as comunidades locais, levar assistência humanitária nas zonas mais distantes do país e registrar testemunhos e informações sobre a situação em matéria de Direitos Humanos no país.

Encerrada na última sexta-feira (23), com uma declaração pública que contempla as exigências das comunidades, os organizadores trabalham para sistematizar a informação recolhida em campo. O relatório que será enviado para as autoridades colombianas pede mudanças nas políticas públicas do Estado, para “enfrentar a crise humanitária nos territórios visitados, que é produto do conflito armado”.

“O paramilitarismo, que no passado foi o grupo que maior número de vítimas causou, hoje segue sendo a maior ameaça à paz, por ser o grupo armado ilegal com maior presença e incidência em todo o país.”, informou a organização da Caravana em nota ao Brasil de Fato.

A Caravana começou por Bogotá, seguiu para o leste de Antioquia, depois para o sul de Bolívar, Arauca, Chocó, Valle de Cauca e Cauca, e terminou em Cali. O trajeto foi realizado por chiva - meio de transporte tradicional que é usado no campo - ônibus e barcos, percorrendo centenas de quilômetros. A Caravana foi apoiada por mais de 100 organizações sociais nacionais e internacionais. Ao todo, participaram 187 pessoas de 14 nacionalidades. Durante todo o percurso 128 camponeses, indígenas e quilombolas fizeram a segurança da Caravana.

Em sua declaração final, a Caravana responsabiliza o paramilitarismo pelo “controle das comunidades e desarticulação dos movimentos sociais comunais de resistência, que lutam por uma vida digna e sua permanência no território.”

“A consolidação dessa estratégia se estende por todo o país, em zonas rurais e urbanas, conformando um projeto político que lhes permite ter controle econômico (legal e ilegal), social, político e territorial. Tudo isso no marco da estratégia de genocídio continuado contra a população que se mostra incômoda aos interesses do capital.”

A Caravana aponta que testemunhou ao longo do percurso uma crise humanitária, com situações de pobreza extrama e fome nas regiões visitadas, assim como um forte avanço de grupos paramilitares, com o recrutamento forçado de menores e jóvens, utilizados para realizar atentados contra estruturas e pessoas de organizações sociais.

"Exigimos do governo colombiano que esta situação de abandono institucional que sofrem as comunidades termine. Que não negue o avanço paramilitar e utilize todas as ferramentas disponíveis para acabar com essa situação. O Estado deve garantir os direitos humanos de toda a população, para tanto, deve implementar ações concretas e fazer com que sejam cumpridas", diz a declaração final da Caravana.

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho