Sem luz

Venezuela sofre apagão nacional; governo denuncia 'sabotagem elétrica'

Interrupção começou às 4h da manhã desta sexta-feira (30) e afetou vários estados do país, incluindo a capital Caracas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Postos de gasolina e outros serviços foram interrompidos na manhã desta segunda-feira (30) por falta de eletricidade - JUAN BARRETO / AFP

O governo da Venezuela denunciou nesta sexta-feira (30) um ataque ao sistema elétrico nacional que afetou todo o país. De acordo com o Ministério da Comunicação, os ataques foram registrados por volta das 4h da manhã (5h, no horário de Brasília) e atingiram todos os 24 estados venezuelanos, incluindo a capital, Caracas.

Pelas redes sociais, o ministro da Comunicação, Freddy Ñáñez, informou que "às 4h50 da manhã de hoje, sexta-feira, 30 de agosto, fomos vítimas, mais uma vez, de uma sabotagem elétrica que afetou vários estados do país, incluindo a Grande Caracas".

"Neste momento, a equipe do quadro elétrico está trabalhando para restabelecer totalmente o serviço. Uma operação especial de transporte terrestre foi acionada na capital. Ninguém tirará a paz e a tranquilidade dos venezuelanos", disse o ministro.

As origens dos ataques e os locais exatos ainda não foram divulgados. O ministro só afirmou que foi uma "sabotagem de grupos fascistas"

O Ministério dos Transportes anunciou um plano para garantir ônibus gratuitos para a população até que o problema seja resolvido. O ministro Ramon Velásquez afirmou que há 250 linhas de ônibus ativas na capital para suprir os problemas no metrô.

A operação para garantir transporte para cidadãos de Caracas foi confirmada pelo canal multiestatal Telesur, que mostrou imagens de uma região da capital na manhã desta sexta.

"As estações de metrô, como sabemos, estão sem funcionar por conta da sabotagem elétrica, o apagão em vários estados do país. As pessoas saíram para trabalhar, estão utilizando o transporte superficial, ônibus privados e públicos", informou Patrícia Villegas, jornalista e presidenta do canal.

Denúncias de planos de ataques ao sistema elétrico vêm sendo registradas pelo governo desde antes das eleições presidenciais de 28 de julho.

O próprio ministro do Interior, Diosdado Cabello, já havia denunciado na terça-feira (27) uma tentativa de ataque contra a linha 765 do sistema elétrico nacional, que abrange os estados de Zulia, Táchira, Mérida e Barinas, na região oeste do país.

Em coletiva nesta sexta (30), Cabello disse que os responsáveis serão identificados. “O inimigo deve saber que cada um dos seus ataques terá uma resposta para que possamos continuar avançando ao lado do povo. Eles preparavam ataques contra o sistema elétrico e os executaram esta manhã”, afirmou. Segundo ele, o intuito é estimular a violência no país.

Abastecimento elétrico

A energia elétrica na Venezuela tem como principal matriz produtora as usinas hidrelétricas. A usina de Guri é a principal delas. Está na região Oriente da Venezuela, no extremo leste do país, e é responsável por mais da metade da produção elétrica nacional. 

A usina começou a ser construída nos anos 1960 e foi inaugurada em 1978. O objetivo era alimentar a produção mineradora venezuelana. Segundo Luis Rodríguez, professor de engenharia da Universidade Bolivariana dos Trabalhadores, a construção de Guri e das outras usinas do país criaram um problema logístico para o abastecimento.

"Todas as principais usinas do país estão afastadas dos grandes centros. Elas foram pensadas para alimentarem tanto a mineração, quanto a produção petroleira no último século. Então o principal problema é logístico. Você precisa levar essa energia de longe. Qualquer ataque a uma rede elétrica prejudica o país todo", afirmou.

*Colaborou Lorenzo Santiago, correspondente do Brasil de Fato em Caracas, Venezuela

Edição: Lucas Estanislau