Debate

Ricardo Nunes chama Marçal de 'tchutchuca do PCC' e recebe de resposta: 'Vai terminar em 4º'

Sem apresentar propostas, candidatos bolsonaristas trocam acusações em debate da TV Gazeta

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ricardo Nunes e Pablo Marçal trocam acusações durante debate da TV Gazeta - Reprodução/TV Gazeta

O candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) ameaçou prender Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição, caso seja eleito, durante o debate entre os prefeitáveis promovido pela TV Gazeta e o MyNews, neste domingo (1º). Marçal sugeriu que Nunes teria protagonizado esquemas de corrupção como prefeito e debochou da queda do atual prefeito nas pesquisas: "Nenhum Bolsonarista mais consegue te apoiar [...] Você vai terminar em quarto."

Em resposta, Ricardo Nunes relembrou as denúncias que pesam contra o candidato do PRTB ao chamá-lo de “tchutchuca do PCC [Primeiro Comando da Capital]”. A citação diz respeito às relações que Marçal mantêm com pessoas suspeitas de ligação com o crime organizado.  

Uma dessas relações é com o influencer e empresário Renato Cariani, que foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por tráfico de drogas, associação criminosa e lavagem de dinheiro.  

Segundo a corporação, Cariani teria desviado produtos químicos para a produção de toneladas de drogas. "As investigações revelaram que o esquema abrangia a emissão fraudulenta de notas fiscais por empresas licenciadas a vender produtos químicos em São Paulo, usando ‘laranjas’ para depósitos em espécie, como se fossem funcionários de grandes multinacionais, vítimas que figuraram como compradoras", informou a PF na época da Operação Hinsberg. 

Outro nome próximo de Marçal é o do presidente nacional de seu partido, o principal fiador da candidatura do coach: Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche. Em uma conversa com Thiago Brunelo, filho de um dos fundadores do PRTB, Avalanche fala que foi um dos responsáveis pela soltura de André do Rap, um dos líderes de uma facção criminosa. Ele está foragido desde 2020, quando foi solto após ser beneficiado por uma decisão do então ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).   

"Eu sou o cara que soltou o André [do Rap]. A turma não sei se vai te contar isso. Esse é o meu trabalho, entendeu? A próxima, agora, a gente vai botar um lugar acima dele. Esse é o meu dia a dia […] Eu faço um trabalho bem discreto", afirmou Avalanche em áudio divulgado pela Folha de S. Paulo.   

No mesmo áudio, Avalanche afirma ter relações com Francisco Antonio Cesário da Silva, conhecido como Piauí, ex-chefe da mesma facção criminosa na favela de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, segundo investigação da Polícia Civil. Marçal foi visto com o irmão de Francisco, Valquito Soares da Silva, na comunidade. Ambos tiraram uma foto, que posteriormente foi publicada nas redes sociais.

Medidas anti-Marçal

O debate entre os candidatos ocorreu sem plateia e com apenas dois assessores por candidato, que não puderam fazer gravações dentro do estúdio.  

As medidas teriam sido solicitadas pelos candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos (Psol) e José Luiz Datena (PSDB) a fim de impedir a equipe de Pablo Marçal de gravar cortes do debate para as redes sociais.  

No debate anterior, promovido pela revista Veja e a ESPM, os três candidatos se ausentaram após o comportamento de Marçal no evento organizado pelo Estadão. Na ocasião, o coach protagonizou uma série de ataques e xingamentos aos adversários.  

Antes de entrar para o debate, Boulos afirmou que a Gazeta e o MyNews entenderam o cenário de “ausência e frouxidão das regras” de outros eventos do mesmo modelo que e estará presente sempre que isso for respeitado.

Edição: Rodrigo Chagas