7 DE SETEMBRO

Grito das Excluídas e dos Excluídos completa 30 anos com ato nas ruas de Porto Alegre

'Todas as formas de vida importam. Mas, quem se importa?' é o lema do ano escolhido por movimentos populares e pastorais

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Primeira edição do Grito, no ano de 1995 - Foto: Arquivo Grito dos/as Excluídos/as

Há 30 anos, movimentos populares, pastorais sociais e sindicatos de todo o Brasil saem às ruas no 7 de setembro, Dia da Independência, para dizer que um Brasil realmente livre e soberano ainda precisa ser conquistado. É o Grito das Excluídas e dos Excluídos, que neste ano vem com o lema "Todas as formas de vida importam. Mas, quem se importa?". Em Porto Alegre, a manifestação acontece neste sábado (7), com concentração às 8h30 em frente à Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, local que ficou submerso nas enchentes de maio.

O chamado das organizações que promovem a atividade destaca que "a vida em primeiro lugar" continua sendo o Grito. Lembra que o mundo segue com "guerras que matam o povo trabalhador, aumento da fome, da desigualdade" e de catástrofes climáticas, que "impactam principalmente territórios periféricos" e tem em sua origem a "exploração desenfreada da vida e da natureza pelo sistema capitalista".

Durante apresentação dos detalhes da mobilização de 2024, nesta terça-feira (3), Dom Valdecir Santos Mendes, presidente da Comissão Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), destacou o "processo permanente" da atividade, uma construção que envolve diariamente dezenas de comunidades por todo o país.

"Que esse grito possa ecoar a partir do chão, do chão dos povos tradicionais, dos povos indígenas, a partir do chão das periferias das nossas cidades, a partir do chão do povo em situação de rua, a partir dos lavradores e lavradoras, trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar, a partir dos pescadores tradicionais. O grito é um compromisso com a vida", disse.

"Um grito dos povos, dos pobres, mas também da terra"

Ao Brasil de Fato RS, padre Edson Thomassim, mais conhecido como padre Edinho, membro da Pastoral Carcerária e articulador regional das Pastorais Sociais do Rio Grande do Sul pela CNBB, destacou que o Grito neste ano ocorre em uma das regiões mais atingidas pela enchente em Porto Alegre. Além de ser lar de "uma população pobre, já estigmatizada e criminalizada porque está na área da entrada da cidade", e que ficou ainda mais fragilizada por causa das "contradições que esse sistema coloca".

Padre Edinho recorda que, na edição de 2023, o Grito do RS foi realizado no ginásio de uma igreja em São Leopoldo que neste ano ficou submersa, junto com nove comunidades do entorno, pela enchente. "A gente é convidado a reviver esse Grito, que é um grito dos povos, dos pobres, mas também é o grito da terra. O grito que está dizendo para a gente da sua enfermidade, do seu cansaço e do abuso que tem sido feito sobre essa terra", finaliza.

Programação do Grito em Porto Alegre

8h30 - Concentração e acolhida (Praça dos Navegantes, 12 – Igreja Nossa Senhora dos Navegantes – Porto Alegre)
9h - Abertura

Roteiro da Caminhada:

Praça dos Navegantes
Av. Sertório
Rua dos Voluntários (passando na frente da Cooperativa de Reciclagem das Anitas)
Rua São Jorge
Rua Frederico Mentz

Paradas:

1. Cooperativa Sepé Tiarajú (nº 1167)
2. Movimento Desabafa (nº 470)
3. Unidade da Saúde Fradique Vizeu (nº 374)
4. Praça do Sesi: onde acontecerá a partilha do alimento e o encerramento do ato.

Obs.: Se chover, terá como alternativa o Ginásio da Fundação Fé e Alegria (Rua José Luiz Perez Garcia, 17), que fica próximo da Praça do Sesi.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko