Na mesma data em que o governo da China celebrava o Dia do Professor, um grupo de entidades acadêmicas chinesas aplicou a pedagogia do esclarecimento no evento Primeira Mesa Redonda China-América Latina e Caribe sobre Direitos Humanos realizado no Rio de Janeiro. O conceito de Direitos Humanos foi exposto por vozes de 15 países, representantes oficiais ou não, que incluíam entre outros Granada, Trinidad-Tobago, Venezuela, Argentina, México, Brasil, Paraguai, Peru, Panamá, Chile.
A reunião que mais parecia um encontro sino-CELAC ou sino-UNASUL, embora não tenha sido o caso, terminou com o consenso de que os Direitos Humanos estão relacionados ao Desenvolvimento, em que o D é escrito com maiúscula porque a noção engloba economia, sociedade e cultura em indissociável imbricação. A possibilidade de efetivar a concepção exigirá planejamento estatal de perspectiva socialista em que o mercado é parceiro para a viabilidade da excelência dos serviços públicos de educação, saúde, moradia, segurança alimentar, e atividades culturais, o que de fato permite o direito humano de viver a vida com felicidade. O resto é abstração.
De acordo com os participantes, no mundo multipolar de ganha-ganha internacional cai em desuso o ideário dos direitos humanos capitaneado pelo Estados Unidos da América. Foram unanimes sobre o papel das condições materiais como basais para o bem-estar físico e emocional coletivo interno de cada país e a harmonia global.
Além disso, afirmaram a disposição de barrar qualquer iniciativa de interferência e intervenção em nome de direitos humanos e respeitar a Carta dos Direitos Humanos da ONU com o compromisso de fortalece-la e propor mudanças quando as circunstâncias apresentarem pertinência. A maioria das falas lembrou o morticínio em Gaza e as sanções criminosas contra Cuba e Venezuela responsáveis por desrespeitar o direito humano soberano das nações.
O consenso entendeu que o sentido forte de igualdade reside na diversidade. Aparente contradição que se dilui quando verificado que é o diverso que fornece o reconhecimento de que o humano é igual nas necessidades sem negar as diferenças. Assim estão se alinhando Asia e Sul Global na construção do novo paradigma de governança mundial entre diferentes que, parafraseando o rap do carioca MC Marcinho, só querem ser felizes e andar tranquilamente nos seus países sem serem importunados por golpes e sabotagens imperialistas.
E foi no embalo dessa toada que expositores chineses lembraram Confúcio e Xi Jinping. O primeiro ao dizer que “vilão tem uniformidade; nobre tem harmonia”, e o presidente por declarar “devemos respeitar uns aos outros, simples assim”.
*Maria Luiza Franco Busse integra a diretoria da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Rodrigo Durão Coelho