VAI SECAR

Governador do Mato Grosso sanciona lei que libera criação de gado em área protegida no Pantanal

Norma autoriza pecuária extensiva na Planície Alagável da Bacia do Alto Paraguai, onde nascem as águas do bioma

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Bioma é o que mais perde superfície de água no Brasil - Mayke Toscano/Secom-MT

Na última quinta-feira (19), o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), sancionou uma lei que autoriza a pecuária extensiva em Áreas de Proteção Permanente (APPs) no Pantanal. O projeto é de autoria do Executivo e passou pela Assembleia Legislativa. A lei foi publicada no Diário Oficial do estado nesta sexta-feira (20).  

De acordo com a nova regra, a pecuária será permitida "nas áreas consideradas de preservação permanente na Planície Alagável da Bacia do Alto Paraguai de Mato Grosso que possuam pastagens nativas".   

A prática deverá cumprir alguns requisitos, como a vedação ao plantio de gramíneas exóticas e à descaracterização da cobertura vegetal. A norma permite a habitação dos ribeirinhos e instalação de sede e retiros de fazendas, desde que não interfiram nos cursos d’água na região.

Em julho deste ano, diversas organizações de proteção ambiental publicaram uma nota técnica em defesa do Pantanal. A Bacia do Alto Paraguai, lugar onde nascem as águas responsáveis pela manutenção do ciclo hidrológico do bioma, foi citada no documento como uma das regiões mais frágeis do Pantanal Mato-Grossense. Esta é uma área de "fundamental importância para a preservação do regime hídrico característico do Pantanal, e essencial para sua conservação". 

"Não é suficiente que legislações imponham vedações a uso intensivo do solo ou a implantação de qualquer tipo de barragem ou impedimento no fluxo de água apenas na planície, visto que, se houver essas atividades na parte do planalto, o regime hídrico de toda a região Pantaneira será alterado", ressalta a nota. O documento informa que a não preservação daquela área tem impacto em todo o bioma, causando seca e degradação.  

O Pantanal é o bioma que mais perde superfície de água no Brasil, de acordo com dados da plataforma Mapbiomas. Em 2023, a região teve redução de 61% da sua área coberta por água, em comparação à média da série histórica que teve início em 1985.  

Edição: Thalita Pires