em Nova Iorque

Lula volta a criticar postura da ONU no enfrentamento a conflitos: 'Crise na governança global requer mudanças estruturais'

Presidente participa da Cúpula do Futuro, nos EUA, às vésperas da Assembleia das Nações Unidas, que começa na terça (24)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa durante a Cúpula do Futuro, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, neste domingo (22) - Angela Weiss / AFP

No primeiro pronunciamento em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde participará da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a falta de atuação da entidade global diante de crises que o mundo vem enfrentando nos últimos anos. 

"A crise na governança global requer mudanças estruturais, a pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais", afirmou.

A fala de Lula fez parte da Cúpula do Futuro, evento organizado pela ONU, que antecede a abertura da Assembleia Geral.  

Desde que assumiu o terceiro mandato, Lula apresenta uma postura crítica à capacidade de mediação da ONU em situações de emergência. Na própria assembleia das Nações Unidas do ano passado, o presidente chegou a citar "paralisia" da entidade. 

O início do atual massacre na Faixa de Gaza, em outubro do ano passado, foi um episódio-chave para um reforço da postura do presidente neste sentido. Desde então, ele vem cobrando mais atuação de organizações internacionais ao que já chamou de “genocídio” do povo palestino por parte de Israel.

No discurso deste domingo, Lula disse que "a legitimidade do Conselho de Segurança [da ONU] encolhe cada vez que ele aplica duplos padrões diante de atrocidades", sem citar a Faixa de Gaza. 

"Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos, e caminham para ser o nosso maior fracasso coletivo", afirmou o presidente citando uma das principais bandeiras do evento promovido pela ONU neste domingo. 

O mandatário brasileiro também afirmou que “o Sul Global não está devidamente representando com seu atual peso político-econômico”. 

Lula teve parte de seu discurso cortado durante o pronunciamento. Durante fala, o microfone dele foi desligado, e o locutor oficial do evento agradeceu a participação de Lula, embora a imagem da transmissão seguisse mostrando Lula falando. 

Combate à fome e mudanças climáticas no centro da discussão

Lula está em Nova Iorque desde sábado (22) para participar da Assembleia Geral da ONU, que acontece na terça-feira (24).  Como já é tradição, o Brasil fará o discurso de abertura. A participação de Lula é aguarda para falar, principalmente, a respeito do combate a fome e mudanças climáticas. 

O Brasil vive uma seca histórica que tem impactado diretamente famílias da região do Médio Solimões, no Amazonas, por exemplo, que estão isoladas por conta da baixa dos rios impossibilitar o transporte. 

Além disso, especialistas afirmam que a condição climática está relacionada diretamente com o número de focos de calor que tomaram conta do país nas últimas semanas.   De janeiro a agosto de 2024, os incêndios no Brasil já atingiram 11,39 milhões de hectares do território do país, segundo dados do Monitor do Fogo Mapbiomas. Basicamente metade da área, 49%, foi consumida pelo fogo apenas no mês de agosto. 

Líderes mundiais reunidos

A abertura da Cúpula do Futuro contou também com discursos do secretário-geral da ONU, António Guterres, e do presidente da Assembleia Geral, Philemon Yang. 

O evento reúne líderes mundiais para debater formas de enfrentar as crises de segurança emergentes, acelerar o cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e abordar as ameaças e oportunidades das tecnologias digitais. 

O debate geral deste ano tem como tema “Sem deixar ninguém para trás: agindo juntos para o avanço da paz, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana para as gerações presentes e futuras”. 

Edição: Geisa Marques