Após o fim de Renascer, sua terceira novela, Samantha Jones entrou de férias e está em viagem com a namorada, a também atriz Manu Morelli. O sucesso profissional vem trazendo um dilema novo para a artista de entender como usar as redes sociais sem se sentir “superexposta”.
"Eu não sou a pessoa que gosta de ter minha vida muito comentada, eu não me sinto à vontade com essa superexposição que está sendo mega normalizada hoje em dia, né? Você entrar no Instagram e vê gente comentando ‘Meu Deus, fulano se separou e agora está ficando com ciclano que é filha de não sei quem’, eu acho que é uma coisa que me estressa um pouco", desabafa em entrevista ao programa Bem Viver desta segunda-feira (23).
Embora a resposta simples seria ela se afastar das redes sociais, a atriz comenta que isso impediria ela de seguir algo que vem construindo há alguns anos.
"Eu não quero ser invisível, ser invisibilizada como uma mulher bissexual, mas também não quero essa superexposição".
Neste dia 23 de setembro, dia da Visibilidade Bissexual, Samantha Jones comentou como foi seu processo de descoberta e os dilemas que precisou enfrentar perante o preconceito da sociedade.
Ao mesmo tempo, a atriz é enfática em dizer que para ela "é tudo muito simples".
"Eu fiz escolhas tão mais difíceis, tão difíceis na vida, que o que não é escolha acaba sendo mais fácil. Tem que ser e ponto", explica a atriz citando a saída de sua cidade natal, Senhor do Bonfim, no interior para Bahia, para ir ao Rio de Janeiro estudar teatro.
"Quando eu falo que é simples, é porque eu realmente acho que é muito simples. Falar que 'bi existe', parece óbvio, mas olha o que todo mundo faz o tempo inteiro: ignorar a sua bissexualidade quando você está com o parceiro do gênero oposto."
"E essa coisa do invisível realmente é quase como se você não pudesse falar sobre a bissexualidade quando você está se relacionando com um parceiro do gênero oposto", completa.
"Então, quando eu estava com um cara, parecia que eu era... 'Ah, então você não é lésbica, então você é hétero agora'", relembra a atriz.
Neste momento, a atriz está em cartaz no cinema nacional com o filme Zé, de Rafael Conde, que aborda um caso pouco comentando sobre um assassinato escondido pela ditadura de José Carlos Novais da Mata Machado, estudante universitário de Minas Gerais que integrou a União Nacional dos Estudantes (UNE).
Samantha Jones interpretou Maria do Socorro, uma das testemunhas da prisão ilegal de Zé e passou anos sem comentar sobre o assunto.
“Eu nunca tinha interpretado uma pessoa que existiu. Isso era um desejo meu e eu não imaginava que ia ser uma história como essa, que ao mesmo tempo que você fica muito feliz por contá-la, porque essa história precisa ser contada, precisa ser lembrada, inclusive eu acho que a gente tem poucos filmes sobre a Ditadura.”
Antes da novela Renascer, quando interpretou Zinha, Samantha Jones esteve em Todas as Flores, como Ciça. A estreia em novelas foi em 2021, participando de Um Lugar ao Sol.
Confira a entrevista na íntegra
Como foi o processo de encerrar Renascer? Já conseguiu saiu do personagem?
Renancer foi extraordinário! O Marquinhos [Marcos Palmeira] e o Jackson Antunes, que também fizeram a primeira versão, falaram que foi uma novela fora da curva.
A gente tinha grandes profissionais ali, tinha uma equipe de direção de caracterização, de figurino, toda a equipe era muito incrível. Foi muito respeito envolvido.
Óbvio que eu vou sentir muita saudade, a gente tem um grupo e gente segue se falando, marcando encontros.
Ainda estou entendendo esse final de Renascer porque foi muito bom fazer parte disso. É muito bom quando a gente passa um tempo grande fazendo uma coisa boa, porque às vezes tem [experiências] que não são tão prazerosas.
Tá sendo difícil entender que aquilo não vai acontecer de novo, pelo menos daquela maneira.
Como foi seu processo de entendimento sobre sua bissexualidade?
Olha, eu morei a maior parte da vida no interior da Bahia, e eu acho que como qualquer cidade menor, qualquer cidade interiorana, tem seus tabus, tem seus conservadorismos.
Mas eu tive amigos muito maravilhosos e a gente conversava muito abertamente sobre essas coisas também. Mas foi meio tardio pra mim, porque eu vim a entender melhor e aceitar melhor comigo mesma quando eu fiz 18 anos.
Quando eu vim para o Rio de Janeiro, quando eu fui fazer a faculdade do teatro foi que eu pensei que estava tudo bem.
Eu acho que escolher fazer arte é uma escolha tão perigosa, você tem que estar tão certo disso, porque é delicado demais fazer arte no Brasil. Então outras coisas que não têm a ver com escolhas ficam mais fácil de lidar.
Eu fiz escolhas tão mais difíceis, tão difíceis na vida, que o que não é escolha acaba sendo mais fácil. Tem que ser e ponto.
Um local comum do preconceito contra pessoas bi é contestar se, na verdade, a pessoa não está confusa ou qualquer coisa do tipo, jogando para um local de indecisão. Isso já passou com você?
Às vezes eu fico pensando: é tão mais simples, né? É tão mais simples.
Eu acho que a gente fala de critérios, por exemplo, o tempo inteiro. A gente fala sobre o que atrai e não atrai. A gente fica falando o tempo inteiro sobre várias coisas tão mais complexas e é tão mais fácil [falar sobre elas]. Não é um critério para mim, o gênero, só não é um critério.
Porque eu me atraio por pessoas de todos os gêneros, então eu acho que é bem simples.
Mas eu passei por momentos em que eu, quando estava, por exemplo, me relacionando com homens, eu até dava uma escondida de pessoas que poderiam questionar isso, sabe? Não é exatamente esconder a palavra, mas era isso que acontecia.
Eu queria que me entendessem como uma pessoa LGBT, e aí, para isso, parece que era preciso mostrar de várias formas.
Então quando eu estava com um cara, parecia que eu era... "ah, então você não é lésbica, então você é hétero agora".
É difícil isso, né. Quando eu falo que é simples, porque eu realmente acho que é muito simples, falar que 'bi existe' parece óbvio, mas olha o que todo mundo faz o tempo inteiro: ignorar a sua bissexualidade quando você está com o parceiro do gênero oposto.
E essa coisa do invisível realmente é quase como se você não pudesse falar sobre a bissexualidade quando você está se relacionando com um parceiro do gênero oposto.
E o fato de você ser atriz de ajudou nesse processo de descoberta?
Ah, total. Para ser ator, eu acho que a atuação de modo geral, ela há de ser tão honesta e tão viva, que é impossível a gente não se rasgar, a gente entrar, fazer um mergulho real dentro de si, estar disposto a entrar em contato consigo, para que, em algum momento, você possa acessar esse personagem que não é você.
Esse personagem que, inclusive, pode ser completamente diferente de você. Pode ser um psicopata, enfim, pode ser muita coisa que não é você.
Mas eu acho que para chegar lá você tem que entrar em si, você tem que se pesquisar mesmo. Eu acho que isso é o básico na atuação.
Então, dito isso, se analisar, se perceber, é o passo número um. E ao negar uma característica, um traço da sua personalidade, você não chega a lugar nenhum.
Para mim, perceber que eu sou essa pessoa, foi o passo um pra ficar tranquila comigo mesmo, para mergulhar em mim e acessar o outro.
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Edição: Nathallia Fonseca