Guerra

Israel ataca Líbano e deixa mais de 180 mortos; 'matou mulheres e crianças', diz Beirute

Premiê libanês denunciou 'plano de destruição' e pediu à ONU ação para 'dissuadir' governo israelense

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Fumaça sai do local de um ataque aéreo israelense na aldeia libanesa de Tayr Harfa, perto da fronteira entre Líbano e Israel - Kawnat HAJU / AFP

O Ministério da Saúde do Líbano informou que pelo menos 182 pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas nos bombardeios israelenses desta segunda-feira (23) contra o sul do país. Segundo a autoridade libanesa, as vítimas incluem crianças, mulheres e socorristas.

A onda de ataques contra alvos do movimento Hezbollah no sul e leste do Líbano é a maior executada pelas tropas de Israel desde o início da guerra. Em resposta, o grupo anunciou que lançou foguetes contra três alvos no norte de Israel.

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou um "plano de destruição" executado por Israel contra o país e pediu à ONU e aos "países influentes" para "dissuadir" o governo israelense da "agressão". A agência estatal libanesa de notícias ANI relatou "mais de 80 bombardeios em meia hora".

"Estamos vivendo sob bombardeios, dormimos e acordamos com os bombardeios", declarou Wafaa Ismail, uma dona de casa de 60 anos, na localidade de Zautar, sul do Líbano. 

O Exército de Israel anunciou que atacou mais de 300 alvos do movimento Hezbollah no Líbano e afirmou, nesta segunda (23) que realizará bombardeios de "grande escala" no Vale do Beca, no leste do Líbano, e instou os moradores a se afastarem dos depósitos de armas do Hezbollah. 

Mais cedo, as forças militares israelenses anunciaram 150 ataques aéreos em apenas uma hora, das 6h30 às 7h30 (entre 0h30 e 1h30 de Brasília).

O Exército israelense aconselhou os libaneses a "se afastarem" das posições do Hezbollah e alertou que prosseguirá com bombardeios mais "extensos e precisos" contra o grupo.

Ligações de alerta 

A ANI informou que "moradores de Beirute e de diversas regiões" receberam ligações telefônicas de Israel com pedidos para que "abandonem rapidamente os locais onde se encontram". O gabinete do ministro da Informação, Ziad Makari, confirmou à agência AFP que recebeu o mesmo alerta.

"Quando a secretária do ministro atendeu, ouviu uma mensagem gravada que pedia [aos funcionários] que abandonassem o edifício ou ficariam sob escombros", segundo a agência. O ministro denunciou uma "guerra psicológica". As autoridades libanesas ordenaram o fechamento de escolas nas áreas atingidas pelos bombardeios na segunda e terça-feira.

O Hezbollah, influente ator político e militar no Líbano, protagoniza enfrentamentos bélicos com Israel nas regiões de fronteira e a tensão entre o grupo e o exército israelense aumentou após o início da guerra na Faixa de Gaza.

Os ataques de artilharia aumentaram desde as explosões de pagers e walkie-talkies utilizados por membros do Hezbollah atribuídas a Israel, na última semana, que deixaram 39 mortos e quase três mil feridos em redutos da milícia no Líbano, segundo as autoridades.

"As ameaças não vão nos parar: estamos preparados para todos os cenários militares contra Israel", afirmou no domingo o número dois do Hezbollah, Naim Qasem, que anunciou uma "nova fase" na batalha contra Israel. 

"À beira da catástrofe" 

Diante do agravamento do cenário, o governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, recomendou que seus cidadãos abandonem o Líbano. "Faremos todo o possível para impedir a explosão de uma guerra mais ampla", disse o presidente Joe Biden.

A China aconselhou seus cidadãos a deixarem Israel "o mais rápido possível". "A região está à beira de uma catástrofe iminente", disse a coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert.

O Egito afirmou que teme uma "guerra total" no Oriente Médio e alertou que a escalada entre Israel e Hezbollah pode minar os esforços para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde o Exército israelense prossegue com o massacre que matou pelo menos 41.455 palestinos, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.

*Com AFP

Edição: Leandro Melito