O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) teve uma reunião nesta segunda-feira (23) com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no palácio Miraflores, sede do Executivo venezuelano, para lançar o projeto conjunto entre o governo e o Movimento no sul do país. O mandatário falou do compromisso com a produção agrícola venezuelana e disse que a transformação da sociedade vai se dar com uma mudança no modelo econômico, que coloque no centro a produção da agricultura familiar.
No começo de setembro, Maduro havia anunciado o projeto conjunto com o MST para a produção de alimentos em uma área de mais de 10 mil hectares no estado Bolívar, no sul do país. O presidente voltou a citar esse trabalho durante o encontro desta segunda.
“Não haverá nova sociedade sem uma nova economia. É tempo de apertar a marcha, acelerar o passo e ampliar os horizontes reais dos sonhos de várias gerações. É o momento. São dadas as melhores condições para nós avançarmos muito mais além do que fizemos até hoje. O novo projeto que surgiu no sul da Venezuela são terras de primeiro nível. Terras sonhadas. Essas terras recuperadas têm que ser o epicentro de um projeto produtivo que permita instalar na Venezuela o modelo produtivo, educativo, formador que o MST desenvolveu durante 40 anos”, disse Maduro.
Durante o encontro, Maduro elogiou o trabalho do Movimento e voltou a falar sobre o seu plano de governo para um próximo mandato chamado de 7 Transformações. O documento propõe o desenvolvimento em sete áreas. Os eixos estão divididos em economia, social, política, meio ambiente e relações internacionais, além de dois tópicos mais conceituais: expandir a doutrina bolivariana e aperfeiçoar a convivência cidadã.
“Com o modelo das comunas, estamos avançando do campo para a cidade. Venezuela está em um movimento revolucionário para o socialismo. Nós planejamos novas mudanças na sociedade, para 30 anos. As 7 Transformações são projetos que abrem caminho para uma época de transição ao socialismo. Agora estamos em uma grande jornada”, disse.
O presidente também destacou o plano de transformação da produção venezuelana e afirmou que o país agora alcançou a meta de produzir 100% dos alimentos que são distribuídos no país.
“Buscamos um modelo de gestão produtivo que dê esperança e opções para milhares de camponeses e camponesas que tem sua terra, mas não produzem. A Venezuela é um milagre, produto de um plano. A Venezuela pela primeira vez em 100 anos, depois de que o petróleo se tornou hegemônico, conseguimos produzir 100% dos alimentos que vão para a mesa das pessoas”, disse Maduro.
Participaram da reunião o dirigente nacional do MST, João Pedro Stedile, a coordenadora da brigada do MST na Venezuela, Simone Magalhães, o integrante da brigada Denir Sosa e o militante do Movimento Dario Milanez. Por parte do governo venezuelano, estiveram o ministro das Comunas, Angel Prado, o ex-ministro da Agricultura, Castro Soteldo, e o dirigente da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América - Tratado de Comércio para os Povos (ALBA - TCP), Jorge Arreaza.
O MST atua no país há quase 20 anos em parceria com as comunas venezuelanas, ajudando em projetos de agroecologia, além de formação técnica e a produção de alimentos orgânicos. Segundo Maduro, foi formada uma equipe para acompanhar esse trabalho, que será encabeçada pelo ex-ministro da Agricultura, Castro Soteldo.
O programa segue convocação feita pelo presidente no final de agosto. Maduro usou o boné do MST em entrevista coletiva e pediu o envio de uma brigada de mil agricultores da organização ao país para produzir em solo venezuelano.
Edição: Rodrigo Durão Coelho