FIM DO BLOQUEIO

Médicos brasileiros lançam campanha de solidariedade com Cuba

Médicos brasileiros que estudaram em Cuba lançam campanha de solidariedade contra o bloqueio

Brasil de Fato | Havana (Cuba) |
Aula de medicina na ELAM - ADALBERTO ROQUE / AFP

 

Médicos brasileiros formados pela Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) em Havana lançaram uma campanha de solidariedade com o objetivo de coletar doações de medicamentos para Cuba.

A iniciativa surge no contexto do 25º aniversário da ELAM, escola de medicina sediada em Havana que tem ajudado milhares de pessoas de diferentes regiões do mundo, especialmente dos lugares mais desfavorecidos, a estudar medicina para assim ajudar em suas comunidades.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Carmen Diniz, jurista e coordenadora do Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas, afirma que a campanha é motivada por um “sentimento de gratidão a Cuba”, pois a grande maioria dos jovens brasileiros que foram estudar medicina na ELAM “não poderia ter estudado medicina aqui no Brasil, pois é uma carreira elitista e cara”.

"A ELAM é muito importante especialmente em locais pobres, sem acesso à saúde.  O curso de medicina em Cuba ensina, principalmente, o humanismo. É um curso diferente dos demais nos países capitalistas. Fidel dizia: 'vamos formar homens de ciência com consciência'. Acho que isso define bem a ELAM" acrescenta.

A escola abriu suas portas pela primeira vez em 1999, depois que os furacões George e Mitch causaram uma catástrofe na região do Caribe que resultou na perda de mais de 10 mil vidas. Com a criação da ELAM, o objetivo inicial de Cuba foi o de contribuir na formação de médicos dos países atingidos pelo furacão. Com o passar do tempo, o projeto se espalhou por diferentes regiões do mundo e chegaram estudantes de outras partes da América Latina, ampliando-se para a África - uma região com a qual Cuba historicamente criou laços - e até mesmo dos próprios Estados Unidos. 

Até o momento, a Elam já formou cerca de 31 mil médicos provenientes de quase 120 países diferentes. Mais de mil médicos formados pela Elam são brasileiros.

"Realizar uma ação justa, apoiando o país que sempre apoiou a todos"

Entre 2007 e 2013, Leandro Nascimento estudou medicina na ELAM. Ele nunca tinha saído do Brasil antes e, prestes a concluir o ensino médio, apareceu a oportunidade de bolsa de estudos em Cuba. Com a ajuda de um movimento popular que o indicou, Leandro teve a oportunidadee hoje é um dos médicos que coordenam a iniciativa solidária pelo 25º aniversário da ELAM. 

Em entrevista ao Brasil de Fato, Nascimento relembra aquele período em Cuba como “anos muito enriquecedores”, em que teve a oportunidade de “vivenciar a revolução cubana com todas as suas propostas sociais que não vemos em nossos países capitalistas”.

“Cuba sempre teve uma proposta de colaboração e solidariedade para o mundo e isso sempre a tornou uma referência. Portanto, poder viver essa experiência de solidariedade, comunhão e colaboração desde dentro foi realmente muito enriquecedor. Acho que foi uma experiência que encheu nossos sonhos de que um mundo melhor é possível.”

Leandro Nascimento comenta que “Cuba precisa de apoio” devido à atual crise econômica que a ilha enfrenta. 

“Depois que a pandemia da covid-19 retirou a principal renda econômica do país, que é o turismo, e em um contexto em que o bloqueio continua sufocando a ilha, com as medidas que Trump implementou, há um cenário de escassez. Acredito que depois de tudo o que Cuba fez por tantas pessoas ao redor do mundo, hoje é a nossa vez de tomar uma atitude justa, apoiando o país que sempre apoiou a todos”, completa. 

A campanha de solidariedade a Cuba está coletando doações para enviar medicamentos e suprimentos médicos ao país. As doações serão entregues durante o I Congresso Internacional de Egressos da Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), que será realizado entre os dias 11 e 15 de novembro de 2024, em Havana.

As doações podem ser feitas por meio do Chave Pix: [email protected] 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho