A Assembleia Geral das Nações Unidas realizada na última terça-feira (24), foi marcada por pedidos de líderes mundiais de reforma da ONU, para que a organização possa enfrentar os desafios internacionais hoje colocados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a reforma da organização durante seu discurso em Nova York, nos Estados Unidos, e foi aplaudido pelos chefes de estado e por membros de delegações de países estrangeiros ao dizer que "inexiste equilíbrio de gênero no exercício das mais altas funções [da ONU]. O cargo de secretário-geral jamais foi ocupado por uma mulher". Até o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu uma reforma no Conselho de Segurança da ONU para “acabar com guerras”, sem especificar, no entanto, que tipo de reforma seria essa.
O Pacto para o Futuro, documento com 56 ações aprovado no domingo, véspera da assembleia, enfrentou a resistência de sete países, entre eles Rússia e Venezuela. Para o historiador Miguel Henrique Stedile, esse pacto é sinal da irrelevância da ONU de responder aos desafios hoje colocados para a organização.
"O Pacto para o Futuro tenta apresentar algumas possibilidades de transformação e em especial o Conselho de Segurança, que é uma das questões mais importantes, um dos pontos que precisa de maior reforma, mas ficou muito no genérico, muito em aberto, o que demonstra a incapacidade da ONU de se colocar de forma coerente."
Entre os pontos previstos no documento estão a erradicação da fome, a proteção de civis em conflitos armados e a busca por soluções pacíficas para conflitos. A escalada dos ataques de Israel ampliando o massacre de Gaza também para o Líbano, levanta questões sobre a eficácia dessas propostas.
Para Stedile, apesar de haver uma preocupação generalizada sobre a escalada dessa guerra, poucas ações concretas estão sendo adotadas no âmbito da ONU para que isso se efetive e a postura do Conselho de Segurança faz com que estejamos "muito longe de qualquer alternativa real de suspensão desses conflitos."
"Hoje, infelizmente, a resolução de qualquer conflito, seja na Ucrânia, seja no Oriente Médico, depende de uma postura mais ativa desses países ricos que têm cadeiras no Conselho de Segurança, inclusive porque é o poder direto desses países, que inviabilizou todas as alternativas de paz que já foram discutidas em relação à Ucrânia, em relação ao Oriente Médio, independente de quem tenha apresentado."
Edição: Rodrigo Durão Coelho