REFLORESTAMENTO

Viveiro de famílias assentadas do MST produz 100 mil mudas para restaurar floresta no Pará

Em área degradada pelo monocultivo de dendê, famílias assentadas da reforma agrária recuperam igarapés e mata nativa

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Viveiros coletivos alimentam e reflorestam áreas degradadas no Pará - Mariana Castro/Brasil de Fato

Pouco antes de chegar ao município de Santa Bárbara do Pará, uma estrada arborizada chama atenção na altura de Pau D’arco. Ela dá acesso ao Assentamento Abril Vermelho, nome que remete ao mês do Massacre de Eldorado dos Carajás.

Lá foi ocupado um latifúndio com quase 7 mil hectares, no ano de 2004, quando a área passou a ser recuperada. Hoje, 394 famílias desenvolvem práticas agroecológicas e produzem alimentos e mudas nativas em viveiro coletivo.

"A gente vem desenvolvendo práticas agroecológicas no campo da produção de alimentos sustentáveis, livre de agrotóxicos, em uma área que historicamente é uma área de degradação ambiental, provocada pela empresa de plantio de dendê, pois aqui era uma área de monocultivo de dendê. E junto com o monocultivo, vários crimes ambientais. Então, com a ocupação da terra, a gente foi desenvolvendo outras práticas de agricultura, que levam em consideração o cuidado com o meio ambiente, a recuperação de nascentes e, com isso, também, a produção de alimentos", explica Valéria Lopes, assentada e dirigente do MST no Pará.

A experiência coletiva de viveiros é desenvolvida há seis anos no assentamento e hoje compõe o Plano Nacional "Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis", do movimento, que tem como meta plantar 100 milhões de árvores no país até 2030.

No Abril Vermelho, cerca de 80 famílias já passaram por alguma etapa do processo do viveiro, que garante autossustento e renda para os assentados, com capacidade de produzir até 100 mil mudas por ano e projetos de ampliação para 2025.

"Nosso intuito com o viveiro é produzir mudas florestais e alimentícias também, como açaí, cupuaçu, cacau. E tem as madeiras de lei, como a acapu, que já estamos começando. E aí tu faz o reflorestamento e ainda faz o teu autossustento, esse é o nosso intuito", declara Antônio Maria, coordenador do Viveiro.

Toda sexta-feira, é dia de mutirão coletivo, onde representantes de várias famílias se reúnem para o cuidado e produção de novas mudas.

Edição: Nicolau Soares