O Exército libanês ordenou um reposicionamento de suas tropas no sul do país no momento em que Israel instaurou uma "zona militar fechada" em localidades fronteiriças e ameaça uma invasão terrestre do território libanês.
O Exército libanês "reposiciona e reagrupa suas forças" na fronteira sul, declarou à agência AFP um responsável militar libanês que pediu anonimato, enquanto crescem as especulações sobre uma eventual ofensiva militar terrestre israelense contra o grupo Hezbollah.
Segundo a rede local Al Manar, afiliada ao Hezbollah, "disparos sionistas de artilharia" foram produzidos perto das localidades fronteiriças de Wazzani, Vale Khiam, Alma al Shaab e Naqura, e a agência nacional de notícias libanesa relatou "tiros de artilharia significativos contra Wazzani".
Estas aldeias estão localizadas em frente a cidades israelenses declaradas "zona militar fechada" pelo Exército de Israel. Horas antes dos relatos de disparos, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, havia insinuado que poderiam ser realizadas operações terrestres contra o Hezbollah.
Gallant, disse que a "próxima fase da guerra contra o Hezbollah começará em breve e permitirá que os moradores do norte retornem para casa".
Ataques contra o Líbano
O Exército israelense iniciou na última semana uma campanha de bombardeios em larga escala contra o Hezbollah no Líbano, após um ano de confrontos na fronteira, com o objetivo de enfraquecer o grupo libanês, aliado do Hamas e organizações palestinas que resistema em Gaza.
O ministro israelense da Defesa afirmou que a morte Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto por Israel durante um ataque, é um "passo importante, mas não é o final". "Para garantir o retorno das comunidades do norte de Israel, utilizaremos todas as nossas capacidades", declarou Gallant durante uma visita a soldados na fronteira entre Israel e Líbano.
A ONU, por sua vez, declarou que se opõe a qualquer tipo de invasão terrestre no Líbano e insistiu nesta segunda-feira (30) que Israel pare com os bombardeios contra este país.
"Não queremos presenciar nenhum tipo de invasão terrestre", declarou Stephane Dujarric, porta-voz de Antonio Guterres que, por sua vez, assinalou que os capacetes azuis no Líbano tiveram que suspender suas patrulhas devido à "intensidade" dos combates.
Irã descarta enviar tropas
O Irã, um aliado essencial do Hezbollah, descartou a possibilidade de enviar combatentes ao Líbano e para Gaza. "Não é necessário enviar forças auxiliares ou voluntárias iranianos", declarou o porta-voz da diplomacia do país, Naser Kanani, antes de acrescentar que o Líbano e os combatentes nos territórios palestinos "têm a capacidade e o poder necessários para enfrentar a agressão do regime sionista".
A Arábia Saudita, ator importante na região, pediu respeito à "soberania e integridade territorial" do país e expressou "grande preocupação" com a intensificação do conflito entre Hezbollah e Israel, enquanto a ofensiva israelense prossegue na Faixa de Gaza.
O Hamas anunciou nesta segunda-feira que seu líder no Líbano morreu em um ataque aéreo no sul do país, onde a imprensa estatal relatou um bombardeio contra um campo de refugiados palestinos. "Fatah Sharif Abu al Amine, o líder do Hamas no Líbano e membro da direção do movimento no exterior, morreu em um bombardeio contra sua casa no campo de Al Bass, sul do Líbano", afirma um comunicado do movimento. A organização informou que ele morreu ao lado da esposa, do filho e da filha no que chama de "assassinato terrorista e criminoso".
Bombardeio no centro de Beirute
Após vários bombardeios nos últimos dias contra os subúrbios do sul de Beirute, reduto do Hezbollah, o Exército israelense atingiu nesta segunda-feira um edifício no centro da capital libanesa, pela primeira vez num ano de escalada militar. A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), grupo de esquerda, afirmou que três integrantes do movimento morreram no ataque.
Uma fonte das forças de segurança libanesas afirmou que ao menos quatro pessoas morreram no ataque israelense com drones contra um apartamento do Jamaa Islamiya, grupo islamista sunita libanês que apoia o Hezbollah em suas operações. Mohamed al Hos, morador da região, foi acordado por um "barulho enorme" e saiu correndo para a rua de pijama.
"As pessoas gritavam e dava para ver a poeira subindo do prédio. Estamos sendo atacados injustamente por algo com o qual não temos nada a ver. Nosso país não tem recursos para entrar em guerra", declarou à AFP. O prédio em que ele mora também sofreu danos.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito