A ideia de uma iniciativa aberta está no cerne dessa plataforma
Mais de 500 movimentos populares de saúde estão listados em um mapa interativo e online, lançado pelo Ministério da Saúde. A ferramenta, com acesso gratuito, reúne iniciativas de todo o país e tem o objetivo de fortalecer a participação social no Sistema Único de Saúde (SUS).
Batizada de Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde (MapaMovSaúde), a plataforma funciona como um ponto de encontro digital para essas entidades. Elas atuam em áreas diversas, interligadas pelo conceito ampliado de saúde.
"A ideia do mapa é ser uma ferramenta aberta, acima de tudo, onde os movimentos podem contar suas histórias, memórias, falar de si e de como atuam nos territórios", explica Bruno Dias, integrante da equipe de comunicação da plataforma.
Em entrevista ao podcast Repórter SUS, ele fala sobre o processo de construção coletiva da ferramenta, que deve permear toda a consolidação do mapa. A ideia é ser uma ferramenta que vai além do simples registro de iniciativas.
"A partir do momento em que o mapa vai sendo construído coletivamente, elaborado de maneira orgânica e os movimentos vão fazendo suas histórias, esses perfis podem construir e colaborar em outras histórias, de outros movimentos."
Segundo Dias, a plataforma funciona como ponto de autorreferência para os movimentos populares em saúde. Por meio dela, é possível buscar repertórios e ampliar o controle e a participação social. "É um processo orgânico de construção de memória, identidade e território, que se desdobra no ambiente digital e em futuras iniciativas."
A adoção da concepção ampliada da saúde relaciona as diversas demandas sociais ao tema. Na lista de organizações presentes no mapa estão iniciativas de promoção da alimentação saudável, luta pela habitação, defesa da educação, proteção do meio ambiente e garantia de acesso ao lazer, entre outras temáticas.
Desenvolvido em parceria com o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ele foi concebido com base no chamado modelo Wiki, focado na colaboração.
"A ideia de ser uma iniciativa aberta está no cerne dessa plataforma. É importante destacar que esse projeto não nasce sem uma bagagem, mas com um grande diálogo e a experiência do Dicionário de Favelas Marielle Franco. A pujança desse dicionário em contar histórias do movimento de favelas, de resgatar protagonismos invisibilizados e de propor novas ideias no espaço digital, no ambiente da internet, motivou e foi um dos elementos que deu embasamento para o nosso MapaMovSaúde", ressalta Dias.
A ferramenta utiliza georreferenciamento e permite a visualização da distribuição geográfica dos movimentos populares de saúde em todo o país. Essa funcionalidade facilita a identificação de áreas com maior ou menor concentração de iniciativas direcionadas à cada realidade territorial.
O Repórter SUS é uma parceria entre o Brasil de Fato e a escola Politécnica de saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz.
Edição: Martina Medina