Durante o debate entre os candidatos à Prefeitura de Curitiba, realizado na quinta-feira (3), Eduardo Pimentel (PSD) afirmou que a Fundação de Ação Social (FAS) é uma "referência nacional" no atendimento à população em situação de rua. No entanto, a realidade das unidades que atendem essa população desmente a declaração do candidato, com problemas estruturais graves e uma capacidade de atendimento insuficiente diante do crescimento do número de pessoas vivendo nas ruas da capital paranaense.
População de rua cresce e sobrecarrega FAS
Curitiba enfrenta uma alta demanda por assistência social, com o número de pessoas em situação de rua crescendo 16,6% em um ano, segundo o Cadastro Único do governo federal. Entre setembro de 2022 e agosto de 2023, a população em situação de rua na cidade aumentou de 3.487 para 4.064 pessoas, colocando Curitiba como a nona capital com mais pessoas sem moradia no Brasil.
A Central 156 de Curitiba recebe, em média, uma solicitação de abordagem social de rua a cada 15 minutos, envolvendo desde pessoas dormindo nas vias até situações de desabrigo, pessoas alcoolizadas, desaparecidas ou em situação de vulnerabilidade em dias de frio.
Outro ponto crítico é a incapacidade da FAS de atender toda a população em situação de rua de Curitiba. Segundo reportagem do Brasil de Fato Paraná, publicada em julho, as 32 unidades de acolhimento mantidas pela FAS oferecem apenas 1.640 vagas, o que corresponde a cerca de 40% das 4.064 pessoas sem moradia na cidade.
Realidade precária das unidades do FAS
Quartos das unidades socioassistenciais em Curitiba. / Foto: SISMUC
Apesar de Pimentel destacar o FAS SOS, uma unidade que oferece acolhimento e diversos serviços, como assistência médica, psicológica e capacitação profissional, como exemplo de um centro de referência, denúncias revelam um cenário muito diferente.
Segundo reportagem do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (SISMUC), divulgada em fevereiro deste ano, várias unidades socioassistenciais geridas pela prefeitura, como a Casa de Passagem Dr. Faivre e o Centro Pop Dr. Faivre, apresentam sérios problemas estruturais. Entre as deficiências apontadas, estão a falta de segurança, ventilação inadequada, banheiros insuficientes e falta de acessibilidade. A reportagem também destaca a inexistência de saídas de emergência adequadas, já que uma das saídas existentes está bloqueada e leva para um espaço sem escadas, comprometendo a segurança dos frequentadores e trabalhadores.
Além dos problemas de infraestrutura, a falta de pessoal agrava a situação. Em fevereiro deste ano, a Casa de Passagem contava com apenas 31 servidores públicos para atender cerca de 250 pessoas diariamente, um número insuficiente para garantir um atendimento adequado à demanda crescente.