Na véspera do primeiro turno das eleições municipais de Curitiba, as pesquisas divulgadas no sábado (5) mostram uma disputa acirrada pela liderança. O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) segue à frente nas intenções de voto, mas agora enfrenta uma ascensão surpreendente de Cristina Graeml (PMB), candidata da extrema direita.
A jornalista, conhecida por sua atuação digital em setores conservadores, obteve 24,8% na pesquisa AtlasIntel, encostando em Pimentel, que lidera com 27,8%. A margem de erro de dois pontos percentuais coloca ambos em empate técnico, enquanto Luciano Ducci (PSB), com 20,4%, aparece em empate técnico com Graeml, sugerindo uma corrida eleitoral imprevisível.
A pesquisa AtlasIntel, conduzida de forma online entre 29 de setembro e 4 de outubro com 1616 entrevistados, confirma que a candidatura de Cristina Graeml ganhou força nas últimas semanas, especialmente entre os eleitores conservadores e da extrema-direita. O crescimento da jornalista foi notável: de agosto até agora, ela mais que dobrou sua intenção de voto, aproveitando-se de uma queda significativa de Eduardo Pimentel, que já havia atingido 38% e viu sua campanha abalada por denúncias de coação a comissionados da Prefeitura.
No levantamento do Instituto IRG, que ouviu 800 pessoas presencialmente entre 1 e 4 de outubro, Pimentel aparece com 34%, enquanto Graeml registra 16,8%, tecnicamente empatada com Luciano Ducci, que tem 19%. A pesquisa presencial reflete uma realidade distinta da digital, onde Graeml tem uma presença consolidada. A candidata do PMB cresceu significativamente em ambas as pesquisas, impulsionada por uma base engajada nas redes sociais e pelo apoio de figuras como Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB, que recentemente endossou sua candidatura com o slogan "virar o jogo em Curitiba".
Cristina: trajetória marcada de controvérsias
Se o crescimento de Cristina Graeml na reta final da campanha não passa despercebido, sua trajetória política também é marcada por controvérsias. Conhecida por sua posições bolsonaristas sobre questões como segurança pública e educação, Graeml defende propostas que incluem educação financeira desde o ensino infantil e um programa de austeridade nos gastos públicos. A candidata chegou até colocar as vacinas contra a covid-19 em dúvida.
O vice na chapa de Graeml, Jairo Ferreira Filho, também é envolvido em controvérsias, só que na justiça. Em um processo judicial em 2019, ele é acusado de vender o mesmo terreno duas vezes na zona rural de Cascavel. O caso, resolvido por meio de um acordo judicial, trouxe à tona questões sobre a integridade de sua chapa, algo que a própria Cristina tem evitado comentar diretamente em debates e entrevistas.
Com 45% de percepção positiva segundo a pesquisa AtlasIntel, Graeml superou Eduardo Pimentel, que tem 40%, e Luciano Ducci, com 35%, no quesito imagem pública. Esse dado sugere que, apesar das controvérsias, ela conseguiu construir uma imagem forte entre os eleitores que compartilham de suas visões conservadoras. A campanha de Graeml apostou fortemente em sua presença digital, especialmente nas redes sociais, onde ela tem uma base de seguidores leais. Estratégia que tem sido eficaz para mobilizar eleitores desiludidos com a “política tradicional”, especialmente após os escândalos envolvendo a campanha de Pimentel.
Na reta final, Cristina Graeml parece focada em consolidar seu crescimento e se posicionar como uma alternativa viável ao status quo, atacando diretamente os problemas de corrupção e ineficiência na gestão pública. O aumento em suas intenções de voto também pode ser interpretado como reflexo de uma insatisfação mais ampla com os candidatos tradicionais, como Eduardo Pimentel, cujo apoio caiu à medida que denúncias de coação vieram à tona, e Luciano Ducci, que enfrenta um eleitorado dividido.
A ascensão de Cristina Graeml representa uma mudança significativa no cenário eleitoral de Curitiba, que historicamente oscilou entre candidatos de centro-direita e centro-esquerda. Seu discurso polarizador e sua defesa de políticas de extrema direita estão moldando a narrativa da eleição e podem influenciar diretamente o segundo turno, caso se confirme sua passagem à próxima fase da disputa.
Os próximos dias serão decisivos, e o aumento das rejeições a candidatos tradicionais como Roberto Requião (28,8%) e Luciano Ducci (16,1%) pode jogar a favor de Graeml, que ainda tem um índice de rejeição comparativamente mais baixo. Com a campanha de Eduardo Pimentel tentando evitar a divulgação de novas pesquisas e as tensões aumentando na corrida pelo Palácio 29 de Março, Curitiba pode estar prestes a testemunhar uma das eleições mais imprevisíveis de sua história recente.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Ana Carolina Caldas