FALSIDADE E CALÚNIA

PF e Polícia Civil abrem investigação para apurar laudo de Marçal contra Boulos

Informação a respeito do laudo psiquiátrico forjado foi adicionada à apuração da PF

Brasil de Fato | São Paulo (SP)* |
Publicação de Pablo Marçal foi retirada do ar após liminar da Jusitiça Eleitoral - Pros/Divulgação

A Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil de São Paulo vão investigar a divulgação por Pablo Marçal (PRTB) de um falso laudo médico que relaciona Guilherme Boulos (Psol) ao uso de cocaína. Ambos são candidatos a prefeito de São Paulo. O laudo foi publicado em redes sociais na sexta-feira (4).

A PF já tem inquérito aberto sobre acusações de Marçal sobre Boulos. Ele foi instaurado em setembro, após a primeira tentativa de associar Boulos ao abuso de drogas ilícitas. Na ocasião, o candidato divulgou, conforme apuração da Folha de S. Paulo, um processo de outra pessoa com mesmo nome e o atribuiu a Boulos.

Esse inquérito, agora, também vai apurar a divulgação do falso laudo médico.

Já a Polícia Civil abriu uma investigação neste sábado (5) sobre o assunto. O delegado William Wong, da 89º Distrito Policial, recebeu denúncias de advogados de Boulos sobre o documento e sua divulgação. Disse que verificará se ele é realmente falso e se Marçal cometeu crime de falsificação de documento privado e calúnia ao divulga-lo.

Wong há encomendou uma perícia sobre o documento. "Não há prazo [para conclusão]. Normalmente, demora entre 15 a 30 dias. Mas a polícia consegue entrar em contato com o Instituto de Criminalística e pleitear uma celeridade”, disse Wong.

O delegado também afirmou pretende fazer diligências e ouvir testemunhas sobre o caso, mas só a partir de segunda-feira, após o primeiro turno das eleições. "Estamos num momento delicado. Mas não há risco de perdemos provas."

Wong disse que deve ouvir familiares do médico José Roberto de Souza, que morreu em 2022 e assina o laudo divulgado por Marçal, para saber se ele já atendeu Boulos. A filha do médico, Aline Garcia Souza, já declarou que a assinatura atribuída a seu pai no laudo é falsa.

De acordo com o site do Conselho Federal de Medicina, o médico não era especialista em psiquiatria. Além disso, há erros de digitação e outras incoerências no documento. A publicação foi retirada do ar pelo Instagram ainda na noite de sexta.

Repercussão

Em nota divulgada também na sexta-feira, Boulos disse que o documento apresentado por Marçal é "falso e criminoso" e que iria recorrer às instâncias eleitoral, cível e criminal da Justiça contra o candidato do PRTB.

Durante caminhada na avenida Paulista neste sábado (5), o psolista voltou a falar com jornalistas sobre o assunto: "ontem um dos adversários chegou ao limite de falsificar um documento, mas a farsa foi desmascarada em poucas horas (...). O que a gente espera, agora, é que a verdade circule mais que a mentira", finalizou.

Neste sábado, a Justiça Eleitoral determinou que postagens que publicam e reproduzem o suposto laudo devem ser retiradas das redes sociais. "Há plausibilidade nas alegações envolvendo não apenas a falsidade do documento, a proximidade do dono da clínica em que foi gerado o documento com o requerido Pablo Marçal, documento médico assinado por profissional já falecido e a data em que foram divulgado tais fatos", disse o juiz da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo.

Marçal foi questionado sobre o laudo nesta tarde, durante uma atividade de campanha. Questionado se havia verificado a veracidade do suposto laudo, Marçal disse que "quem postou verificou" e que a imprensa deveria perguntar a seu advogado.

A lei eleitoral proíbe prisões de candidatos na janela eleitoral que vai de 21 de setembro a 8 de outubro, exceto em caso de flagrante.

*Atualizada às 19h30

Edição: Nathallia Fonseca