Eleições 2024

Entre vereadores mais votados em São Paulo, três são mulheres de esquerda

Economista aponta para fortalecimento de candidaturas ideológicas entre vitoriosos

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Economista Juliane Furno avalia que candidaturas ideológicas potencializam a esquerda - Divulgação/Brasil de Fato

Entre os dez vereadores mais bem votados na cidade de São Paulo, três são mulheres de esquerda. Amanda Paschoal (Psol) é a quinta mais bem votada e recebeu mais de 108 mil votos. Luna Zarattini (PT) teve mais de 100 mil votos e Luana Alves (Psol) teve apoio de quase 83 mil eleitores. PL, Podemos, PP e União fizeram os demais eleitos nas primeiras dez posições. 

De acordo com o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino, secretário-geral do PT paulista, os levantamentos parciais mostram que o partido teve mais votos na comparação com a eleição municipal passada, mas manteve o tamanho da bancada.

Para a economista Juliane Furno, o cenário na capital paulista reflete uma inflexão importante entre os candidatos que se apresentam como mais votados na esquerda. “Não são mais aquelas candidaturas tradicionais, vinculadas a um núcleo territorializado, mas são candidaturas de características mais ideológicas e que conseguem mobilizar eleitores e que estão no campo da esquerda e compram com radicalidade esse debate. É uma tendência de potencializar a esquerda”, avalia.

Furno lembra que, inicialmente, as candidaturas com elementos identitários – que reivindicam um espaço de protagonismo e de elaboração de política pública para quem historicamente não esteve representada nos espaços de poder – eram vistas como “surfando numa onda eleitoreira”. 

“Vai se consolidando não só como a abertura de um espaço eleitoral para esse tipo de candidatura, mas com uma tendência importante que a esquerda deve olhar como uma conquista desses setores minorizados. Uma conquista que aprofunda os aspectos democráticos, representativos e de luta política da esquerda brasileira”, acrescenta.

Ela descarta a ideia de que mandatos com essas características no Brasil sejam deslocados para pautas sem que haja recorte de classe, como ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos. 

“Historicamente as mulheres, os negros e a juventude têm, muito embora trazido a sua característica setorial ao debate, se posicionado sempre na defesa das pautas tipicamente de esquerda e das candidaturas de esquerda. Acho muito importante que as principais candidaturas da esquerda eleitas a vereança na cidade de São Paulo tragam exatamente esse recorte. E não só tragam esse recorte, como tragam uma militância orgânica nestas pautas e nos partidos de esquerda.” 

Edição: Nathallia Fonseca